Nós, cineastas que mantemos relações profissionais com a MUBI, vimos por meio desta manifestar nossa profunda preocupação com a decisão da empresa de aceitar um investimento de US$ 100 milhões da Sequoia Capital, uma firma de private equity que, desde o final de 2023, intensificou deliberadamente seus investimentos em empresas de tecnologia militar israelense com o claro objetivo de lucrar com o genocídio em Gaza. Em 2024, a Sequoia investiu pesadamente na Kela, startup de tecnologia militar fundada por um ex-executivo sênior da Palantir Israel e vários veteranos da inteligência militar israelense, além da Neros, fabricante de drones militares, e da Mach Industries, especializada em veículos aéreos não tripulados.
O crescimento financeiro da MUBI está agora explicitamente vinculado ao genocídio em Gaza, o que compromete a todos nós que colaboramos com a plataforma. Nós também acreditamos no poder transformador do cinema e sabemos que não podemos controlar como o público receberá nossas obras – se serão tocados ou inspirados por elas. No entanto, temos controle sobre como nosso trabalho reflete nossos valores e compromissos, que são totalmente ignorados quando nossas obras são associadas a uma empresa que lucra com a destruição de vidas palestinas.
Gaza enfrenta um massacre de civis, incluindo jornalistas, artistas e trabalhadores do cinema, além da destruição generalizada do patrimônio cultural palestino. Não acreditamos que uma plataforma de cinema autoral possa verdadeiramente apoiar uma comunidade global de cinefilos enquanto se alia a uma empresa envolvida no assassinato de artistas e cineastas palestinos.
Nós realizamos nosso trabalho com responsabilidade perante as comunidades que representamos e o público que nos assiste, pois, como artistas, respondemos a mais do que apenas o lucro. A decisão da MUBI de se associar à Sequoia demonstra uma falta total de responsabilidade para com os artistas e comunidades que ajudaram a empresa a florescer. Acreditamos que é nosso dever ético não causar dano e esperamos que nossos parceiros, no mínimo, recusem cumplicidade com a violência horrível que está sendo infligida ao povo palestino.
Por isso, exigimos que a MUBI condene publicamente a Sequoia Capital por lucrar com a guerra, rompa formalmente os laços com a empresa retirando seu representante do conselho, e estabeleça uma política ética clara para futuros investimentos, em linha com as diretrizes do boicote cultural a Israel (PACBI). Convocamos a MUBI a ouvir o apelo do Film Workers for Palestine e a agir de forma significativa, honrando os artistas e o público que são a base de seu sucesso.
2025-08-06 12:55:00