Mas vamo lá, agora de verdade!
Na noite de segunda-feira, 1º de setembro, algo muito brasileiro aconteceu no Jornal Nacional. William Bonner, após 29 anos na bancada do telejornal mais assistido do país, anunciou ao vivo sua saída com uma frase que tocou o coração de milhões: “Eu sentia que nos meus dias só cabiam as coisas que eu precisava fazer, mas ficavam de fora coisas que eu também gostaria de fazer. A conta não estava fechando.”
Bonner explicou que a decisão foi amadurecida há cinco anos, durante a pandemia, quando um de seus filhos estava se mudando para estudar no exterior. Hoje, dois de seus três filhos moram e trabalham fora do país. Não foi apenas um jornalista trocando de função — foi um pai escolhendo o que realmente importa. Não só para ele, mas para praticamente todos os brasileiros.
Tenho uma teoria sobre por que essa decisão ressoou tanto com a gente. É porque existem quatro Fs que são praticamente pilares das nossas diversas culturas e que fazem a gente se reconhecer de norte a sul, leste a oeste: **Fé, Festa, Família e Fofoca**. E a história do Bonner tocou em todos eles.
A Fé: aquela fé tipicamente brasileira, que vai muito além da religião. É fé que vai dar certo, que as mudanças são para melhor, que vale a pena arriscar. Quando Bonner falou sobre os cinco anos de planejamento para “arquitetar sucessões e preparar sucessores”, demonstrou nossa fé coletiva de que as transições, por mais difíceis que sejam, podem ser bem feitas. É a mesma fé que nos faz acreditar que “se Deus quiser, tudo se resolve”.
A Festa: celebramos tudo e inventamos motivos para comemorar. A saída do Bonner foi anunciada justamente no dia do 56º aniversário do Jornal Nacional, transformando uma despedida em celebração de uma era. Em vez de luto, fizemos festa pelos 29 anos de história. É assim que somos: transformamos até as despedidas em momentos de gratidão e reconhecimento. Celebramos não só o que foi, mas o que virá.
2025-09-09 07:35:00