Se antes Afonso poderia ser visto como um jovem manipulável pela mãe, o que fazia com que ele fosse querido por parte da audiência, hoje a falta de firmeza do personagem incomoda um público que não tolera mais tipos excessivamente passivos. É natural que diante dessa apatia do rapaz, Odete soe mais interessante e identificável.
Não bastasse a tolerância zero com quem não sabe o que quer da vida, Odete ainda faz nossos olhos brilharem por não se privar dos prazeres da carne. A empresária tem uma vida sexual ativa e movimentada. Impossível não invejá-la e torcer para que ela siga cada vez mais insaciável para que possamos projetar nela toda essa liberdade de agir e todo o desprendimento que é necessário para ser uma conquistadora em série.
Diante da honestidade imaculada de Raquel (Taís Araújo), que beira à inverossimilhança em alguns momentos, Odete Roitman nos soa mais plausível apesar (ou seria por causa?) dos seus defeitos e praticamente nos obriga a torcer por ela. Odete materializa nossos desejos e pensamentos mais inconfessáveis.
Como novela é uma obra aberta e a releitura de “Vale Tudo” não tem a obrigação de repetir todos os acontecimentos da trama original, não seria má ideia se Manuela Dias optasse por não matar Odete Roitman nessa versão. Contrariar as expectativas é o melhor modo (senão o único) da autora fazer história com sua adaptação de “Vale Tudo”.
2025-05-09 05:30:00