O fracasso de Eden, novo filme de Ron Howard, tem gerado discussões em Hollywood. Apesar de contar com um elenco recheado de estrelas como Sydney Sweeney, Ana de Armas, Vanessa Kirby, Jude Law e Daniel Brühl, o longa estreou nos Estados Unidos com apenas US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões) — um resultado desastroso para uma produção de US$ 50 milhões (R$ 271 milhões). O drama se baseia em eventos reais de 1929, quando diferentes grupos tentaram colonizar a ilha de Floreana, nas Galápagos, e acabaram envolvidos em intrigas e conflitos.
O baixo desempenho não se explica apenas pelo enredo pesado e pelos personagens pouco carismáticos. O marketing do filme foi tímido, sem o impulso necessário para transformar a estreia em evento. Mesmo com nomes badalados do cinema atual, como Sydney Sweeney, Vanessa Kirby e Ana De Armas, a campanha não conseguiu vender Eden como obrigatório para o público.
Outro ponto que pesou foi o momento atual da indústria. Estrelas já não têm o mesmo poder de atrair plateias sozinhas. Sydney Sweeney surfou na onda de Todos Menos Você (2023), mas não repetiu o feito em Americana nem em Eden. Vanessa Kirby brilhou em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, mas esse prestígio não se converteu em interesse pelo novo trabalho. O mesmo vale para Ana de Armas, que estrelou Bailarina, derivado de John Wick.
Eden não consegue emplacar
O histórico recente também não ajudou. Quando Eden foi exibido no Festival de Toronto, em 2024, a recepção foi mista. Parte da crítica elogiou as atuações, mas muitos apontaram excesso de dramaticidade e personagens antipáticos. A demora em fechar um distribuidor reforçou a percepção de que o estúdio não acreditava em seu potencial comercial.
Além disso, o próprio gênero do filme enfrenta dificuldades no cinema. Dramas adultos, antes presença certa nas salas, hoje encontram mais espaço em lançamentos limitados ou no streaming. O público prefere ver em casa obras desse tipo, que não oferecem o mesmo apelo visual de grandes franquias ou blockbusters cheios de ação.
Ron Howard, que já foi sinônimo de bilheteria com sucessos como Uma Mente Brilhante (2001) e Apollo 13 (1995), encontra agora um cenário muito menos favorável. Mesmo diretores consagrados enfrentam desafios semelhantes: Spike Lee, por exemplo, lançou recentemente Highest 2 Lowest com foco em streaming, sem depender do circuito comercial.
Embora Eden provavelmente tenha vida mais longa nas plataformas digitais, o prejuízo inicial é inegável. O caso expõe não só as limitações atuais de Hollywood em transformar elencos de peso em sucesso imediato, mas também a mudança de comportamento do público, que reserva sua ida ao cinema para espetáculos mais grandiosos.
2025-08-27 13:20:00