Com muita habilidade, Rezende estabelece um universo onírico, que flerta com a estética dos filmes do mexicano Guillermo Del Toro, para narrar a saga de Crisóstomos (Rodrigo Santoro), um homem solitário que deseja ter uma família.
Tal qual um quebra-cabeça, “O Filho de Mil Homens” apresenta as diferentes peças que compõem o enredo de modo fragmentado, o que exige uma atenção máxima de quem assiste. Distrair-se com o celular não é uma opção. “O Filho de Mil Homens” não é um entretenimento banal. Há um rigor artístico e uma liberdade criativa que a Netflix emprega pouco nas produções nacionais.
A grande ousadia de “O Filho de Mil Homens”, porém, está em sua mensagem. Sem subestimar a inteligência do público, o longa é uma belíssima alegoria sobre tolerância e afeto que, em nenhum momento, soa panfletário. “O Filho de Mil Homens” é um filme necessário para os tempos atuais, que exigem muita reflexão por parte da sociedade, mas que também pedem um pouco de poesia para ser mais fácil sobreviver à dureza da realidade.
Com “O Filho de Mil Homens”, a Netflix entrega a melhor produção brasileira desde que começou a desenvolver projetos originais no nosso país. E se tem uma lição que o filme de Daniel Rezende pode ensinar à plataforma de streaming é que, quando o artista tem liberdade para criar sem a pressão de agradar algoritmos, o resultado tende a ser soberbo.
2025-10-30 06:10:00



