Nada se compara ao espetáculo de ‘Avatar: Fogo e Cinzas’

Cameron usa a exploração de uma nova tribo dos Na’vi para tecer seu comentário sobre colonialismo e mergulha à fundo na conexão mística da jovem Kiri (Sigourney Weaver) com as forças que regem o planeta. Para apimentar a trama, o


Cameron usa a exploração de uma nova tribo dos Na’vi para tecer seu comentário sobre colonialismo e mergulha à fundo na conexão mística da jovem Kiri (Sigourney Weaver) com as forças que regem o planeta. Para apimentar a trama, o jovem humano adotado pela família Sully, Spider (Jack Champion), torna-se alvo valioso ao adquirir o dom de respirar livremente na atmosfera alienigena de Pandora; Tudo culmina em uma batalha em larga escala pincelada pelos conflitos pessoais dos personagens. Cameron deixa várias panelas no fogo e nunca queima o almoço.

Se o texto é convencional, “Avatar” mais uma vez ergue-se acima de seus pares como colosso visual. “Fogo e Cinzas” é bombástico e vibrante, uma demonstração de domínio e precisão sobre geografia de ação e cronologia narrativa. A lente de Cameron registra um filme cristalino, a vastidão das paisagens alienígenas capturada em cada frame em perfeito foco, obrigando nossos olhos a passear pela tela e sorver cada detalhe. É cinema pensado, executado e exibido como cinema – as mais de 3 horas de projeção passam como uma brisa.

A coesão de cenário com história e a perfeição da captura de performances acentuam, entre outras coisas, o quanto a tal revolução da inteligência artificial é superestimada: o que vemos em “Fogo e Cinzas” é artesanato digital lapidado pelo talento de mãos humanas. Isso fica ainda mais evidente no trabalho exaustivo do elenco ao soprar vida em personagens fantásticos que estimulan conexão emocional legítima. Na contramão de produtos estéreis e artificiais como “Wicked Parte 2”, o novo “Avatar” tem calor humano.

A perfeição visual de ‘Avatar: Fogo e Cinzas’ Imagem: 20th Century Studios

É curioso como, ainda hoje, “Avatar” atrai ao mesmo tempo repulsa e fascínio. O primeiro filme teve seus detratores, especialmente entre os que enxergaram nele palanque para o ativismo ambiental de James Cameron. É legítimo o diretor usar o cinema, e uma marca que se tornou tão popular (os dois primeiros filmes faturaram mais de US$ 5 bilhões), para injetar suas paixões e preocupações pessoais. A ficção científica permite versar sobre perda, sobre luto, sobre perdoar e seguir em frente de maneira universal.

É igualmente legítimo, contudo, dissecar o filme sob holofotes, até porque, em muitos momentos, é fácil enxergar em “Avatar: Fogo e Cinzas” ideias e sequências inteiras recicladas de seu antecessor. A sensação é compreensível quando o texto traz novos personagens como Varang, que apontam um conflito alternativo e mais interessante entre os habitantes de Pandora, mas fatalmente retorna ao já enfadonho complexo militar em sua campanha repetitiva e infrutífera contra os Na’vi. Embora o quarto e o quinto “Avatar” já estejam escritos e parcialmente filmados, acredito que a história chegue aqui a uma conclusão satisfatória.



Conteúdo Original

2025-12-18 04:30:00

Posts Recentes

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE