Questão política
A diretora mergulhou em quatro anos de pesquisas, acompanhando de perto o trabalho da Irmã Marie Henriqueta e do delegado Rodrigo Amorim na região do Marajó. Os dois são peças-chave no combate à exploração de menores.
O filme traz uma crítica contundente ao uso político de fake news sobre exploração infantil na área. “Violência contra mulheres deve ser debatida na política, mas não pode ser partidária”, alerta Brennand, destacando a importância de abordar o tema com responsabilidade.
Em 2022, a então Ministra de Direitos Humanos no governo Jair Bolsonaro (PL), Damares Alves (Republicanos-DF) citou um suposto esquema de exploração sexual de meninas para justificar ações no arquipélago do Marajó. “Há cerca de 20 anos me deparei com as primeiras denúncias de tráfico e exploração de crianças no Marajó, que se tornaram recorrentes desde então”, escreveu a então ministra no documento oficial do programa Abrace o Marajó, lançado em 2020 e revogado em 2023.
Damares afirmou, sem provas, que no Marajó as meninas seriam sexualmente exploradas porque não usam calcinhas, seriam sequestradas e teriam os dentes arrancados “para elas não morderem na hora do sexo oral”. Segundo matéria exclusiva do UOL Prime, Damares Alves usou fake news para beneficiar igrejas evangélicas no Marajó.
Transformação
Para Jamilli, a experiência foi transformadora. “Foi muito libertador, especialmente no final. Minha personagem consegue se livrar dos abusos e voltar a ser criança”. A diretora finalizou com um apelo: “Espero que todas as vítimas se sintam representadas e acolhidas por essa história. E que cada espectador se reconheça nessa reflexão sobre nossa sociedade”.
2025-05-16 05:30:00