Na superfície, a história parece tratar dos pensamentos intrusivos das protagonistas e de como elas farão para superar suas inseguranças. Tem uma que se acha irritada demais, a outra se considera esquisita demais e a principal tem receio de não ser amada quando descobrirem suas características mais particulares. Puro Shakespeare.
E o pior é que todas elas têm razão e deveriam tratar essas questões fundamentais de suas personalidades na terapia, em vez de socando demônios e cantando músicas pop. Mas tergiverso.
No cerne da aventura, as heroínas disputam o coração (e a alma!) dos fãs com a supracitada banda de garotos que secretamente são vilões. Isso implica na noção de que existe um fandom positivo e um fandom negativo.
Perde-se uma oportunidade de ouro de discutir de maneira mais profunda a problemática da cultura do fã. Pior: em vez disso, reforça chavões do mundinho pop e, de certa forma, celebra a toxicidade desse universo.
Se existe um fandom do bem, estão justificadas as atitudes contra um fandom do mal. É a dinâmica que observamos dia após dia nas redes sociais nos embates entre fãs de uma diva pop contra outra, assim como de bandas de rock ou afins.
Outro problema que observo é a representação das protagonistas como únicas responsáveis pelas próprias carreiras. Elas decidem cada detalhe, muitas vezes em rompantes, como se os artistas musicais não tivessem toda uma estrutura corporativa para além de seus anseios e visões de mundo.
2025-09-04 06:30:00