Um dos filmes de guerra mais comentados do momento, Tempo de Guerra (título original: Warfare) chegou recentemente ao catálogo do Prime Video no Brasil, sem passar pelas salas de cinema. Ao longo da última semana, desbancou O Contador 2 como o longa mais visto do serviço de streaming da Amazon.
A produção, que recebeu classificação indicativa para maiores de 16 anos, tem sido elogiada por sua crueza e realismo. Tempo de Guerra é um filme feito por um veterano para veteranos.
A obra é dirigida por Ray Mendoza, um ex-militar que pertencia a um time de soldados da Marinha dos Estados Unidos, conhecido como Navy Seals. Ele serviu na Guerra do Iraque (2003-2011). O trabalho cinematográfico foi realizado em parceria com o roteirista Alex Garland, conhecido por filmes como Extermínio 3 (2025), Guerra Civil (2024) e Ex_Machina (2014).
A história real por trás do filme Tempo de Guerra
A trama de Tempo de Guerra é baseada em uma missão real que ocorreu em novembro de 2006, em uma área controlada pela al-Qaeda na província de Ramadi, no Iraque. Um grupo de Navy Seals foi encarregado de vigiar uma área residencial urbana para assegurar a passagem segura de tropas terrestres no dia seguinte.
Inadvertidamente, as tropas entraram em um prédio de apartamentos ao lado de insurgentes. Forças da al-Qaeda lançaram uma granada por um buraco de atirador, ferindo um dos Seals, Elliott Miller. Durante a tentativa de evacuação de Miller e outro Seal ferido, um dispositivo explosivo improvisado explodiu, deixando Miller com ferimentos que ameaçaram sua vida.
(Foto: A24/Divulgação)
Ray Mendoza (à esq.) e Alex Garland no set de Tempo de Guerra
Elliott Miller sobreviveu, mas não se lembrava de nada sobre aquela missão. Ao longo dos anos, Miller enviava e-mails aos seus colegas de serviço com perguntas sobre o ocorrido. Foi essa busca por memória que motivou Ray Mendoza a fazer o filme, com o intuito de preencher as lacunas na lembrança de seu companheiro.
Ray Mendoza e Alex Garland, que se tornaram amigos durante as gravações de Guerra Civil, conduziram entrevistas com ex-membros da equipe Seal envolvida na missão. O próprio Elliott Miller chegou a visitar o set de filmagem. Os cineastas buscaram recriar a sequência de eventos como ocorreram na vida real, evitando inventar personagens ou exagerar detalhes para efeito dramático.
O que é real e o que é ficção
Embora Tempo de Guerra seja baseado em eventos reais e pessoas de verdade, o co-diretor Alex Garland se mostra reticente em chamá-lo de uma “história verdadeira”. A razão para essa hesitação está no fato de que a representação do conflito não se baseia em uma linha do tempo estabelecida ou em fontes jornalísticas, mas sim nas memórias dos veteranos envolvidos, incluindo o próprio Ray Mendoza, que estava presente no dia. O filme, inclusive, deixa claro logo no início: “Este filme usa apenas suas memórias”.
Garland explicou que, ao perceber que não poderiam “recriar a realidade” de forma absoluta, eles decidiram focar nas memórias dos envolvidos. Essas memórias, por vezes, divergiam, exigindo que a equipe tentasse determinar a verdade da melhor forma possível. A Batalha de Ramadi, onde o filme se ambienta, foi um conflito de oito meses entre março e novembro de 2006, no qual tropas americanas e britânicas combateram grupos insurgentes pelo controle da cidade.
(Foto: A24/Divulgação)
Elenco de Tempo de Guerra
O filme conta com um elenco de atores em ascensão que, para se prepararem, passaram por um treinamento rigoroso similar ao dos Navy Seals, para simular o estresse e a fadiga da zona de guerra. Os personagens são baseados em pessoas reais, embora a maioria dos nomes dos soldados da vida real tenha sido alterada por diversas razões.
Entre os atores, destacam-se D’Pharaoh Woon-A-Tai, que interpreta Ray Mendoza. Elliott Miller, o médico e atirador-chefe da unidade, é interpretado por Cosmo Jarvis. Curiosamente, o apelido real de Miller na vida militar, “Booger Boo”, foi usado no set para Jarvis, estreitando os laços entre a equipe.
O elenco também inclui nomes como Charles Melton (que interpreta um dos soldados comandantes da unidade), Michael Gandolfini, Will Poulter, Joseph Quinn, Kit Connor e Noah Centineo.
A conexão com a história real tornou a filmagem uma experiência emocional e, em certo sentido, terapêutica para Mendoza. Ele descreveu momentos de forte emoção ao exibir o filme para Miller e os outros Seals, que validaram a precisão da representação, proporcionando a Miller a “memória mais completa” que ele poderia ter dos eventos.
2025-06-25 15:12:00
