A produção joga com a frustração do espectador ao acompanhar uma protagonista que não sente prazer. “Todos querem compartilhar o prazer com ela, e eu precisava lidar com essa expectativa”, diz Diwan.
A solução veio ao contrastar o ambiente opressivo do hotel de luxo onde Emmanuelle está confinada com a vitalidade de Hong Kong. “O hotel é um lugar sem tempo, onde tudo é artificial —as flores são recolocadas no mesmo lugar, a música é sempre a mesma”, descreve.
Já a cidade, com seus cheiros, luzes de néon e umidade, é pura sensualidade. “Filmamos em Hong Kong, e era impossível não a senti-la com todos os sentidos. O hotel, por outro lado, é uma prisão dourada.” A equipe morou no local durante as filmagens, o que, segundo Diwan, fez todos se sentirem tão presos quanto a personagem.
Diwan não esconde sua frustração com como o prazer feminino costuma ser retratado no cinema. “Por muito tempo, o orgasmo na ficção servia somente para mostrar que o homem ‘fez seu trabalho'”, crítica. “Era um sinal de conquista masculina, não uma expressão autêntica do desejo da mulher.” Essa dinâmica, segundo ela, explica por que tantas mulheres fingem prazer —um tema central em “Emmanuelle”.