Cortina de Fumaça está no Apple TV+ com investigação de incêndios

Nem o clichê do gênero e nem o contra-clichê erudito, “Cortina de Fumaça” consegue o raro equilíbrio de ter muita ação e todos os ingredientes do gênero em que (quase) se encaixa e também quebrar estes clichês contando muito em


Nem o clichê do gênero e nem o contra-clichê erudito, “Cortina de Fumaça” consegue o raro equilíbrio de ter muita ação e todos os ingredientes do gênero em que (quase) se encaixa e também quebrar estes clichês contando muito em suas entrelinhas e no que não é dito. Ao mesmo tempo, traz esses temas sem teorizar e nem defender teses, mas, sim, na dinâmica entre os personagens, que são apaixonantes justamente por serem contraditórios e até irritantes.

Michelle se autossabota em diversos momentos, sua relação com Steven é tão irresistível quanto tóxica, sua obsessão por ser forte escancara o quanto ainda é, em alguma instância, a menina que um dia se trancou no armário para se proteger.

Entre um incêndio e outro, uma pista, um novo crime, cenas de ação filmadas em estúdios reais que queimam de fato, “Cortina de Fumaça” traz outro personagem que surge em uma trama aparentemente paralela, mas que encontra a de Dave e Michelle em um ponto crucial: Freddy Fasano (Ntare Mbaho Mwine), um cozinheiro solitário.

Ntare Mbaho Mwine em cena de ‘Cortina de Fumaça’ Imagem: Divulgação

De dia ele tem um trabalho estafante em uma fast food e passa as madrugadas em seu apartamento. Quando descobre uma vaga para gerente, ele considera se candidatar à vaga em um raro e cauteloso lampejo de ambição. Fred tem um histórico de vida marcado por violência desde a infância. Ele é frágil e, ao mesmo tempo, perigoso. Ele quer um emprego novo e melhor em um outro restaurante, mas seu comportamento pode ser tão autodestrutivo como os de Dave e Michelle.

Mais uma vez, bem ao gosto de Lehane, mesmo nos personagens com quem simpatizamos há contradições, sombras e o fascínio pelo fogo, seja metafórico ou o real, que tanto aquece quanto destrói. Como bem observa Lehane, o que mais o interessava, e nos interessa, em “Cortina de Fumaça” não são as qualidades, mas, sim, as contradições e falhas de personagens que querem ser felizes, eficientes, heroicos, mas que são, como todos nós, demasiadamente humanos, mas, principalmente por isso, fascinantes.



Conteúdo Original

2025-07-04 05:30:00

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