“Mark foi meio que exilado dos jantares”, diverte-se Cooper. “Mas a responsabilidade disso é minha.” O ator confidenciou a Francis Lawrence ser um grande fã do intérprete de Luke Skywalker, e que provavelmente fosse melhor não conhecê-lo porque ele sabia que ia simpatizar com o ídolo. “Cooper tinha medo de gostar de mim, e eu entendi”, completa Hamill. “Cada um tem seu processo de composição de personagem, então foi uma escolha inteligente, Não conversei com ele ate o fim das filmagens.”
Quando Stephen King finalmente publicou “A Longa Marcha”, ele usou o pseudônimo Richard Bachman – criado por sua incessante necessidade de escrever e pelo temor da editora em saturar o mercado com sua “marca”. Assim como “O Sobrevivente”, ele aborda o tema da humanidade representada em um ambiente cruel, uma disputa mortal criada para o entretenimento. Recuperar estas histórias agora, quando o mundo parece se despir da civilidade para assumir um viés autoritário, explica parte de seu fascínio.
“Temos um lado meio doentio porque de certa forma gostamos de ver pessoas sofrendo”, teoriza Hoffman. “É o motivo pelo qual assistimos a esportes, para ver até onde o ser humano está disposto a ver o resultado de seu esforço”, continua. “São pessoas sendo testadas até o limite, descobrindo até onde eles suportam ser abusados fisicamente, mentalmente e emocionalmente.”
Mark Hamill, por sua vez, tinha preocupação genuína de como a violência seria retratada. “Tenho de dar crédito a Francis Lawrence, porque tivemos uma longa conversa antes de me comprometer”, lembra. “Ele faz com que a primeira cena seja verdadeiramente terrível, ficamos com ela em mente, o que permite que as outras não sejam tão explícitas.” Mark lembra de ter ficado perturbado com a premissa e a violência, mas logo percebeu que “A Longa Marcha” era sobre o espírito humano de sobrevivência e camaradagem.
O ator derrete-se pelo elenco escolhido para representar os jovens em uma caminhada árdua enquanto ele “fazia a jornada em meu jipe, sob um guarda-sol”. “Eu nem estive tanto com eles no set”, ressalta. “Entre os personagens eu sou o antagonista, sempre à distância, represento o Estado que é o verdadeiro vilão.” Um vilão, diga-se, que não se furta em matar de forma brutal e cruel qualquer um que não siga suas regras. “Tudo isso é uma distração”, conclui Hamill. “O foco é a humanidade. A violência não é glorificada”. De minha parte, sinto-me o adulto na sala por ter conversado com Mark Hamill e não ter mencionado “Star Wars” nenhuma vez.
2025-09-19 12:05:00