
Todos os filmes sofrem do mesmo mal crônico: a busca incessante por cenas radicais em detrimento de qualquer vestígio de emoção. Como Superman, Henry Cavill tem o carisma de um pacote de biscoito, sua expressão enfezada dominando (e estragando) cada cena. O humor, além de ser a vírgula do drama, é elemento essencial para humanizar personagens de ficção, para criar vínculo emocional com a plateia. Snyder desconhece a palavra, aumentando o volume na destruição para compensar. Não funcionou.
Ainda assim, uma legião de fãs parecia querer tão somente isso: destruição, Superman retratado como uma entidade super poderosa planando acima dos humanos, Henry Cavill fazendo cara de mau em seu traje de plástico com músculos perpetuamente besuntados. Qualquer cuidado que fugisse desse script era rechaçado por uma turma pequena porém ruidosa. Os filmes de Snyder pareciam caminhar para a série “Injustice” nos quadrinhos, com a diferença que o Homem de Aço seria um ditador cruel – na suposta trilogia que o diretor supostamente planejara -, a mando do radical, sombrio e maçante Darkseid.
Fora da bolha de adolescentes que buscavam filmes de super-heróis tão somente pela pancadaria, o público se entediava. Apesar da força indiscutível dos personagens, nenhum dos filmes lapidados por Snyder se tornou sucesso inquestionável – nem financeiro, muito menos criativo. O beco sem saída de um Superman que agia como qualquer coisa, menos como Superman, emperrava os planos do estúdio em expandir seu universo. “Adão Negro”, Dwayne Johnson à frente, prometeu uma “nova era” para a DC no cinema, mas terminou cometendo os mesmos pecados de Snyder. Foi o último prego no caixão.

Desde que James Gunn foi anunciado como novo arquiteto deste universo, e como diretor do novo “Superman”, a turba furiosa mostrou os dentes – online, claro. Acompanhei ao longo dos últimos anos fóruns de discussão, páginas dedicadas a louvar Zack Snyder, Henry Cavill e seu retrato do Superman e me deparei com uma turma que odeia profundamente tudo que o herói representa, preocupados tão somente com uma representação monocromática e estéril que ninguém tem interesse em continuar.
2025-07-12 05:30:00