No filme, Márcio Vito interpreta o patriota e o caminhoneiro. Ele passou dois anos trabalhando nas falas com Isabel Teixeira, roteirista do filme, para diferenciar os dois: “A diferença não podia ficar na frente das semelhanças que esses personagens têm”, diz o ator.
Separados pelo para-brisa, os personagens não conseguem ouvir um ao outro. Dessa forma, Caco propôs a ideia de que a oposição acaba aproximando os dois polos: “Os vocabulários começaram a ficar muito parecidos. A direita e a esquerda falando em revolução, falando em contrarrevolução, falando em ditadura, só que cada um entendendo isso de uma maneira oposta à outra”.
Na pré-produção, Caco teve uma surpresa: o protagonista não sabia dirigir. Assim, o sonho do diretor de gravar dentro de um caminhão numa estrada de verdade foi por água abaixo. A solução foi gravar tudo num estúdio de produção virtual, que usa LEDs e outras tecnologias para simular cenários.
A solução acabou ajudando em várias cenas do filme. Conforme o filme vai passando, o público acompanha o sol se pondo e nascendo por trás dos personagens. Numa estrada de verdade, cada por do sol precisaria de no mínimo um dia de gravação, sem espaço para erro. No estúdio, o filme todo foi gravado em quatro dias: “O estúdio foi o que permitiu que o filme pudesse ter essa linguagem de dias que se passam. O diretor escolhe em que momento do dia estamos”, explica a produtora Diane Maia.
“Eu Não Te Ouço” será exibido hoje na Mostra de São Paulo. A sessão será às 19h10 no IMS Paulista. Caco afirma que essa talvez seja a única oportunidade de assistir ao filme: “O filme é feito sem apoio. A gente não sabe quando, nem se, esse filme vai entrar em circuito. Vamos fazer de tudo para que sim. Mas não deixe de ver, porque eu não sei quando você vai poder ver de novo!”
2025-10-26 06:20:00



