O que falta a “Elio”, contudo, é originalidade. Seu trio de diretores caminha por território já desbravado, mordiscando ideias de outros filmes sem o menor pudor. Existe muito de “E.T.”, outro bocado de “O Último Guerreiro das Estrelas”, um naco de “Viagem ao Mundo dos Sonhos”. Com a ênfase em um cinema de temas, e não de história, “Elio” reflete sobre o dilema de estarmos confortáveis em nossa pele. Fala sobre isolamento e autoestima infantil. Sobre luto. Sobre a importância da família.
O conjunto funciona até a página dois. “Elio” é um filme bonito, agradável, empolgante e… esquecível. Não há personagens memoráveis, nada alimenta as ideias para a pizza entre amigos após a sessão. Não há o frescor de “Toy Story”, a energia de “Os Incríveis”, a ternura de “Monstros S.A.” ou a ousadia de “Wall-E”. Ancorada há tempos em marcas consagradas, a Pixar produziu seu último filme verdadeiramente incendiário há uma década – justamente “Divertida Mente” que, veja só, já caiu na ciranda da propriedade intelectual.
Não é pecado insistir em times vencedores, e a Pixar merece todo mérito por intercalar seus tiros certeiros com a produção de ideias originais. É um movimento que oxigena o estúdio e mantém a equipe afiada – mal posso esperar por “Hoopers” e “Gatto”. Mas falta a “Elio” o arrojo que o estúdio mostrou quando disparava petardos em série, colecionando uma sequência de triunfos criativos e comerciais. A casa que transformou um rato em chef no sublime “Ratatouille” não pode se contentar com menos.

Não é um problema novo. Depois de se concentrar em lançamentos em streaming sob a sombra da pandemia de Covid (“Soul”, “Luca” e “Red: Crescer É Uma Fera”), a Pixar voltou tímida aos cinemas com o equivocado “Lightyear”, tentativa de reinventar um dos protagonistas de “Toy Story”. Lindo e empolgante como “Elio”, “Elementos”, filme original de 2023, já sinalizava a necessidade de renovação quando seu tom professoral, em que o cinema se torna um guia de virtudes, tomou o lugar de uma história eletrizante.
2025-06-25 12:00:00