autora Claudia Souto analisa a novela que chega ao fim

Apesar de ser uma novela das sete, você conseguiu tratar de temas polêmicos, como relacionamento tóxico, relações homoafetivas e machismo. Essas abordagens estavam previstas desde a sinopse original?Você tem que entrar muito respeitosamente na casa das pessoas quando você trata


Apesar de ser uma novela das sete, você conseguiu tratar de temas polêmicos, como relacionamento tóxico, relações homoafetivas e machismo. Essas abordagens estavam previstas desde a sinopse original?
Você tem que entrar muito respeitosamente na casa das pessoas quando você trata de temas delicados e que não parecem palatáveis nesse país machista, que tem raízes e cotidiano racistas. Eu entro com muita licença, porque, ao contraponto de saber que o país é isso tudo, o Brasil também é acolhedor. O Brasil é um país de contrastes interessantes. Ao mesmo tempo que sei que a pauta LGBT é muito delicada na sociedade, eu sei que é um país que acolhe o amor.

Rodrigo e Bruno Fagundes vivem casal em ‘Volta por Cima’ Imagem: Léo Rosário/Globo

Sobre relacionamentos homoafetivos, você vê que quando as construções são bem-feitas, quando o público sabe por que um personagem ama o outro, ele passa a torcer por aquela relação. Você vai ganhando espaço na sociedade quando você traz a discurso para o afeto e não para bandeira. Acho o polêmico, muitas vezes, mais fácil e barulhento. Eu prefiro a delicadeza. Não faço tanto barulho, mas quando repercute, repercute no afeto, na aceitação. Essa é minha maneira de me expressar.

Gerson Barros (Enrique Diaz) em 'Volta por Cima'
Gerson Barros (Enrique Diaz) em ‘Volta por Cima’ Imagem: Manoella Mello/Globo

Com relação ao relacionamento tóxico, eu tinha abordado isso em “Cara e Coragem”, em que Bruno Fagundes minava as parceiras psicologicamente. Na época, recebi muitas mensagens de espectadoras e até amigas se reconhecendo na situação. Em “Volta Por Cima” eu tinha um vilãozão mesmo, o Gerson (Enrique Diaz), que eu falei que a gente tinha que colocar todas as maldades nele para ao público saber que ele não tem empatia por alguém. Esse era o personagem mais possível de levar isso mais adiante e mostrar esse problema mais a fundo.

Justamente por poder ir mais fundo, a coisa do sinal que Roxelle faz para se livrar do Gerson tomou uma proporção muito grande. Não imaginava que isso seria tão falado. A princípio, o Jô (Vitor Sampaio) ia salvar a Rochelle. Mas achei que estava errada, ela ser salva por alguém. Roxelle é a expressão da liberdade e precisava sair disso sozinha. Lembrei que existia um sinal de socorro e coloquei na novela. Saiu na imprensa, foi para todas as redes, uma parte do por que fazemos novela é para dialogar com a sociedade, prestar serviços. Foi um serviço bem feito.



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