A amarração da trama consiste em deixar claro que o novo universo cinematográfico da editora compreende melhor seus personagens que o responsável anterior, o infame Zack Snyder. A relação do Super com os pais biológicos e os adotivos é o cerne da apresentação do herói e também da sua transformação ao longo da história. Um golaço.
É um filme insuportavelmente bobo, e essa é a sua melhor qualidade. As coisas se resolvem apenas porque sim, a história não perde muito tempo explicando pormenores ou tentando amarrar as pontas. São cenas legais concatenadas de maneira simpática, com toda a inventividade e a maluquice que eram típicas dos gibis da Era de Prata.
O resultado final deve frustrar youtubers e outros criadores de conteúdo especializados em arranjar sarna para se coçar. Simplesmente não há nada de polêmico, tampouco um final para ser explicado em vídeos de 3 horas com teorias escalafobéticas. É apenas uma aventura pueril para todas as idades, especialmente as mais baixas.
Tanto que o grande destaque do filme é um simpático cãozinho muito estabanado e pouco obediente, que rende as melhores cenas e é o verdadeiro coração da história. Uma fofura. James Gunn já tinha provado que era o diretor número 1 dos pais de pet em Hollywood com Guardiões da Galáxia 3, e dá um passo além com o Krypto de Superman.
Mas para quem já viu o filme e adoraria problematizar alguma coisa do ponto de vista político, ofereço aqui um debate. Em vez de considerá-lo progressista, na verdade achei o filme muito pouco simpático às culturas estrangeiras e até razoavelmente xenofóbico. No grande ponto de virada, é revelado que os pais kryptonianos do Superman enviaram o rapaz à Terra para dominar a humanidade e “construir um harém”.
Sutil, hein? E no final, ele é salvo dessa missão pela criação amorosa dos pais caipiras no mais puro American Way of Life. Não sou um especialista no assunto, mas parece uma premissa muito pouco “woke”.
2025-07-11 14:28:00