A inteligência artificial avança e o cinema resiste

A inteligência artificial ajudou Bekmambetov a “vender” seu próximo filme, “Justiça Digital”, em que Chris Pratt é um detetive acusado de um crime violento que precisa provar sua inocência a uma “juíza” criada por IA – papel de Rebecca Ferguson.


A inteligência artificial ajudou Bekmambetov a “vender” seu próximo filme, “Justiça Digital”, em que Chris Pratt é um detetive acusado de um crime violento que precisa provar sua inocência a uma “juíza” criada por IA – papel de Rebecca Ferguson. “Usei a tecnologia para criar um rascunho do filme e apresentar ao estúdio”, conta. “Era basicamente minha versão final, então o estúdio não interferiu quando finalmente rodei o filme.” São atalhos assim que o cineasta russo aposta como uso de IA para a indústria em larga escala.

Timur Bekmambetov é, claro, um artista, um criador usando uma ferramenta para lapidar sua arte. Mesmo apostando num futuro híbrido, ele deixa claro que não existe substituto para pessoas criativas. É diferente da infinidade de “artistas de IA” que pipocam diariamente pela internet, garantindo com suas “criações” que os dias do cinema como conhecemos estão contados. Um olhar mais cuidadoso revela que boa parte dessa turma são cineastas frustrados por não conseguir seu espaço em Hollywood.

O impacto visual de algumas cenas geradas por inteligência artificial é inegável, e é compreensível que chefes de estúdios olhem para cenários perfeitos com as mãos no bolso, pensando no que eles podem economizar não só com locações, mas também com a contratação de artistas que terminam por criar backgrounds em CGI. Essa discussão é recorrente e invariavelmente será decidida pelo dinheiro. Mas daí serão artistas usando uma ferramenta, e não consumidores de aplicativos de IA experimentando com prompts como quem faz receita de bolo.

Steve Guttenberg e o simpático Johnny 5 em ‘Short Circuit – O Incrível Robô’ Imagem: Divulgação

Um amigo que trabalha com efeitos digitais me disse outro dia que o futuro será customizável, com o público escolhendo o g^Çenero, o plot e os atores de seus próprios filmes criados por inteligência artificial, que serão produzidor por demanda. “Eu vcou pedir para a ferramenta criar um drama dirigido no estilo de Martin Scorsese com Brad Pill e Jessica Chastain, e horas depois meu filme estará disponível”, disse. Discordei respeitosamente, apontando que não seriam Scorsese, Pitt ou Chastain ali, mas simulacros sem nenhuma sutileza, um exercício inócuo.

Foi com isso em mente que me deparei com um artigo em que o CEO da Disney, Bob Iger, sugeriu exatamente isso: que os usuários da plataforma Disney+ poderão em breve gerar seus próprios curtas em inteligência artificial em aplicativos específicos e compartilhar o resultado com outros usuários. A ideia do executivo seria estimular o engajamento sob a perpectiva do produto e da tecnologia. Seria uma forma, segundo Iger, de “proteger a pripriedade intelectual” da empresa. Ao mesmo tempo, claro, que o algoritmo de sua IA é alimentado voluntariamente. Esperto.



Conteúdo Original

2025-11-14 11:30:00

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