a história por trás da lenda

Não dá para definir Ozzy Osbourne apenas como vocalista. Ele foi símbolo de exageros, sim, mas também de reinvenção, humor e entrega total à música, daqueles ícones que o rock cria uma vez por geração. Agora, com sua morte, o


Não dá para definir Ozzy Osbourne apenas como vocalista. Ele foi símbolo de exageros, sim, mas também de reinvenção, humor e entrega total à música, daqueles ícones que o rock cria uma vez por geração. Agora, com sua morte, o documentário As Nove Vidas de Ozzy Osbourne ganha um novo peso. Lançado em 2020, ele será exibido ao vivo no canal A&E e fica disponível on demand no UOL Play.

O pai do heavy metal faleceu nesta terça-feira, dia 22 de julho, aos 76 anos. Nos últimos anos, enfrentava sérios problemas de saúde. Foi diagnosticado com Parkinson em 2019, passou por diversas cirurgias e chegou a declarar que não conseguia mais andar. Ainda assim, fez questão de subir ao palco uma última vez e entregou tudo.

Aqui, a ideia é celebrar quem foi Ozzy. Vamos relembrar os dias de Black Sabbath, os sucessos da carreira solo, as polêmicas (claro!) e o lado família que apareceu em The Osbournes. Ao fim, te contamos por que o filme do Ozzy Osbourne vale cada minuto da sua atenção. All aboard?

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Quem foi Ozzy Osbourne?

Falar de John Michael Osbourne é falar de uma das trajetórias mais improváveis e lendárias da história do rock. Nascido em Birmingham, na Inglaterra, Ozzy (apelido de infância) cresceu em uma família simples e, desde cedo, enfrentou muitas dificuldades. Foi preso ainda jovem por pequenos furtos, chegou a trabalhar em fábricas e demorou bastante tempo para encontrar um caminho. Até que descobriu o poder da própria voz.

O ponto de virada veio no fim dos anos 60, quando se juntou a outros músicos da vizinhança e formou uma banda que, literalmente, mudaria tudo: o Black Sabbath. O som arrepiante, os riffs pesados e a atmosfera de terror criaram algo totalmente novo. Ozzy virou o rosto (e o grito) desse movimento, mesmo sem nenhuma formação técnica em música.

Ao longo da vida, Ozzy sempre transitou entre o mito e o caos. Teve fases de total descontrole, com abuso de álcool e drogas, passagens por clínicas e escândalos. Mas também mostrou humanidade: pediu desculpas quando errou, se reaproximou da família e sempre deu um jeito de voltar aos palcos. Foi amado, criticado e até temido, mas sempre autêntico.

Conhecido como o “Príncipe das Trevas”, Ozzy era cheio de manias e gente como a gente. Tinha medo de altura, gostava de programas simples em casa e rezava antes dos shows. E, mesmo com a fama de anticristo, era batizado na Igreja da Inglaterra.

Quem é Ozzy Osbourne para muita gente? Um símbolo de rebeldia, sim, mas também um cara que sobreviveu ao impossível e seguiu cantando como se o mundo estivesse sempre começando de novo.

Leia também: Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath, morre aos 76 anos

Black Sabbath: os pioneiros do heavy metal

Foi com o Black Sabbath que o mundo conheceu Ozzy Osbourne. A banda surgiu no fim dos anos 60, em Birmingham, na Inglaterra, em meio a uma geração operária marcada pela pobreza e pelas fábricas.

Ozzy, Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) se uniram quase por acaso e acabaram criando um som que ninguém havia ouvido antes. Era denso, escuro, arrastado, quase ameaçador. E foi assim que, sem querer, eles deram forma ao que o mundo começaria a chamar de heavy metal.

As letras também abordavam temas pouco explorados até então: guerra, religião, paranoia, vícios, crítica social. Tudo isso embalado por riffs que se tornaram eternos. O Sabbath ajudou a formar a base de tudo o que viria depois. Metallica, Slayer, Iron Maiden, Pantera… todos beberam dessa fonte.

Ozzy permaneceu no Sabbath até 1979, quando foi demitido após anos de conflitos internos e excesso de drogas. Mas a separação nunca foi definitiva. Ao longo das décadas, ele se reencontrou com a banda várias vezes, como em turnês especiais e o álbum 13, de 2013, que marcou o retorno da formação original (com exceção de Bill Ward, que ficou de fora por divergências contratuais).

Mesmo seguindo em carreira solo, Ozzy e Black Sabbath seguiram conectados. Era impossível separar um do outro. O som, a estética e a atitude criados ali seguiram com ele, e continuam influenciando gerações até hoje.

Confira algumas das maiores músicas do Black Sabbath

A faixa Black Sabbath, que abre o primeiro disco da banda em 1970, é considerada por muitos o verdadeiro ponto de partida do heavy metal. A introdução com trovões, sino e aquele riff soturno cria uma tensão que ninguém estava acostumado a ouvir no rock da época.

O segredo está no uso do trítono, um intervalo musical formado por três tons inteiros, que soa naturalmente dissonante, como se algo estivesse fora do lugar.

Durante séculos, esse intervalo foi evitado na música ocidental. Na Idade Média, chegou a ser apelidado de diabolus in musica (o diabo na música), por soar desconfortável demais para os padrões religiosos da época. No jazz e na música erudita, o trítono também apareceu em certos momentos, mas foi com o Sabbath que ele virou protagonista.

Tony Iommi usou o trítono de forma direta e ousada no riff principal da música. O efeito é imediato: quem ouve sente que algo estranho está prestes a acontecer. E é essa sensação de ameaça, quase como se a música abrisse um portal sombrio, que fez Black Sabbath soar tão diferente. A partir dali, o metal ganhou uma assinatura sonora que seria repetida e reinventada por gerações.

Depois desse impacto inicial, a banda seguiu lançando faixas que se tornaram clássicos absolutos. Conheça as mais famosas:

  • Black Sabbath — Black Sabbath (1970);
  • N.I.B. — Black Sabbath (1970);
  • War Pigs — Paranoid (1970);
  • Iron Man — Paranoid (1970);
  • Paranoid — Paranoid (1970);
  • Sweet Leaf — Master of Reality (1971);
  • Children of the Grave — Master of Reality (1971);
  • Changes — Vol. 4 (1972);
  • Sabbra Cadabra — Sabbath Bloody Sabbath (1973);
  • Symptom of the Universe — Sabotage (1975).

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O voo solo de Ozzy e a continuidade do sucesso

Depois de ser demitido do Black Sabbath em 1979, Ozzy Osbourne tinha tudo para desaparecer. Estava afundado em vícios, emocionalmente instável e sem rumo. Mas foi justamente ali que ele começou a escrever a segunda (e talvez mais surpreendente) parte da sua carreira.

Com a ajuda de Sharon Osbourne, que mais tarde se tornaria sua esposa e empresária, Ozzy lançou o álbum Blizzard of Ozz, em 1980. Um disco redondo, recheado de hits e uma nova banda de apoio, liderada pelo jovem guitarrista Randy Rhoads. O sucesso foi imediato. Ozzy não só se manteve relevante como abriu caminhos novos dentro do metal, agora mais melódico, mais técnico, mas ainda com sua marca pessoal.

Ao longo dos anos, lançou discos que variaram entre o peso clássico e momentos mais acessíveis, flertando com o pop, com o industrial e até com covers. Mesmo com idas e vindas nos bastidores, problemas de saúde e escândalos, Ozzy sempre voltava, como se a música fosse sua forma mais poderosa de resistência.

Além dos álbuns de estúdio, ele criou o festival Ozzfest, que ajudou a revelar bandas como Slipknot, System of a Down e Korn. E ainda gravou parcerias com artistas de diferentes gerações, como Lemmy, Elton John e até Post Malone. Mais do que se reinventar, Ozzy conseguiu algo raro: manter a sua essência sem se repetir.

Hits inesquecíveis da carreira solo de Ozzy Osbourne

A fase solo foi tão rica quanto sua história com o Sabbath. Ele lançou álbuns consistentes, formou parcerias improváveis e entregou músicas que viraram trilha sonora da vida de muita gente. Preparamos uma seleção com alguns dos principais sucessos entre tantas músicas de Ozzy Osbourne:

  • Crazy Train – Blizzard of Ozz (1980);
  • Mr. Crowley – Blizzard of Ozz (1980);
  • Over The Mountain – Diary of a Madman (1981);
  • Bark At The Moon – Bark At The Moon (1983);
  • Shot In The Dark – The Ultimate Sin (1986);
  • Miracle Man – No Rest For The Wicked (1988);
  • No More Tears – No More Tears (1991);
  • Mama I’m Coming Home – No More Tears (1991);
  • I Just Want You – Ozzmosis (1995);
  • Gets Me Through – Down To Earth (2001);
  • I Don’t Wanna Stop – Black Rain (2007).

Mesmo nas últimas décadas, quando a saúde já não era a mesma, Ozzy seguiu gravando. E surpreendendo. Ordinary Man, lançado aos 71 anos, é prova disso e mostra que, para ele, parar nunca foi uma opção.

Polêmicas e reality show

Se tem uma coisa que não dá para falar sobre Ozzy Osbourne, é que ele tenha sido, em algum momento da vida, uma pessoa discreta. Muito pelo contrário. Ao longo de toda sua carreira, acumulou episódios que viraram lendas. Alguns bizarros, é verdade, e outros simplesmente inacreditáveis.

O mais famoso, claro, aconteceu em 1982. Durante um show nos Estados Unidos, um fã jogou um morcego no palco. Ozzy, achando que era de borracha, pegou o bicho e mordeu sua cabeça. Só que o morcego era real. Resultado: ele precisou tomar uma série de vacinas contra raiva. O próprio Ozzy disse mais de uma vez que achava que era apenas um brinquedo. Mesmo assim, a imagem virou símbolo do lado mais insano e teatral do rock.

E olha que esse nem foi o primeiro caso de confusão com animais. Um ano antes, em 1981, durante uma reunião com executivos da gravadora CBS, Ozzy (já alterado pelo álcool) agarrou uma pomba que deveria ser solta como gesto de paz e mordeu sua cabeça no meio da mesa. Depois, fez o mesmo com uma segunda ave. A cena chocou os presentes e quase acabou com sua carreira ali mesmo.

Também teve o episódio no Álamo, no Texas, em 1982. Ozzy foi preso por urinar em um dos monumentos do local sagrado da história texana. Ele estava usando um vestido de Sharon, que havia escondido suas roupas para evitar confusões. Foi banido da cidade por 10 anos, até pedir desculpas e fazer uma doação para a preservação do local.

Esses e outros casos renderam a ele fama de “anticristo”, um rótulo que Ozzy nunca levou muito a sério. Ele dizia que não passava de um artista fazendo performance. Na música “Gets Me Through”, chegou a cantar: “I’m not the Antichrist or the Iron Man”. Era como se ele dissesse: calma, tem um personagem aqui, e um ser humano por trás dele.

Ozzy também sempre foi muito aberto com relação ao abuso de drogas e álcool, principalmente nos anos 80 e 90. E chegou a admitir publicamente traições à esposa, Sharon, com quem viveu uma relação turbulenta, mas duradoura.

E foi justamente esse lado doméstico — imperfeito, engraçado, caótico — que o mundo conheceu no reality The Osbournes, exibido na MTV nos anos 2000. O programa acompanhava o dia a dia da família em casa e ajudou a desconstruir o mito do “príncipe das trevas”. Ali, Ozzy aparecia como um pai meio perdido, cercado por filhos adolescentes e tentando viver uma rotina, entre xingamentos e sustos com o cachorro.

Além da TV, ele também fez aparições no cinema. Uma das mais lembradas é no filme “Little Nicky — Um Diabo Diferente” (2000), com Adam Sandler. E sim: ele aparece como ele mesmo, Ozzy, e ainda salva o dia com uma mordida estratégica em um morcego demoníaco. Autoironia no ponto.

O adeus de Ozzy nos palcos

Duas semanas antes de morrer, Ozzy Osbourne fez sua última aparição como artista no palco, e não foi em qualquer show. O megafestival, chamado Back to the Beginning, foi realizado em Birmingham e descrito como “monumental”.

O evento reuniu cerca de 40 mil pessoas presencialmente e foi acompanhado por mais de 5,8 milhões de fãs online. Quem assumiu a direção musical foi Tom Morello, guitarrista do Rage Against the Machine. Em suas redes sociais, ele revelou que a ideia era criar “o melhor dia da história do heavy metal” e pelo que se viu, conseguiu.

O ponto mais emocionante da noite foi o reencontro da formação original para um último show do Black Sabbath: Ozzy, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward tocaram juntos no palco pela primeira vez em duas décadas.

Além do Sabbath, o festival contou com participações especiais de peso, como Metallica, Guns N’ Roses, Tool, Slayer, Pantera, Gojira, Alice in Chains, Halestorm, Lamb of God, Anthrax, Mastodon e Rival Sons, todas celebrando o legado de Ozzy com versões enérgicas de seus maiores sucessos.

O evento também teve um propósito nobre: arrecadou cerca de US$ 190 milhões para instituições ligadas à saúde, como a Cure Parkinson’s, o Birmingham Children’s Hospital e o Acorn Children’s Hospice.

Em certo momento da noite, Ozzy teria dito baixinho: “Agora posso morrer em paz.” Era o encerramento de um ciclo que atravessou mais de cinco décadas e que terminou com o mesmo espírito que sempre o guiou: música, intensidade e entrega total.

Quer saber mais? Confira a cinebiografia de Ozzy no UOL Play!

A melhor forma de conhecer a fundo a história de Ozzy é assistindo ao documentário As Nove Vidas de Ozzy Osbourne. Lançado em 2020, o filme traça uma linha do tempo completa da vida do cantor, da infância difícil na Inglaterra aos palcos do mundo, passando pelos momentos mais insanos, dolorosos e inesquecíveis da carreira.

Com depoimentos de familiares, músicos e do próprio Ozzy, o documentário revela os bastidores de tudo aquilo que o público sempre quis entender. As polêmicas, os vícios, os medos e até as crises de identidade que ele enfrentou ao longo dos anos. Mas também traz o inconfundível senso de humor, o carisma e a maneira como sempre conseguiu se reinventar.

O filme do Ozzy será exibido ao vivo no canal A&E, mas também estará disponível on demand no UOL Play, para você assistir quando e quantas vezes quiser. O conteúdo está liberado a partir do plano mais básico, que custa apenas R$ 19,90 por mês.

Se você cresceu ouvindo Ozzy (ou acabou de descobrir quem ele foi), essa é a chance de saber por que ele virou uma lenda: assine agora e veja no UOL Play.





Conteúdo Original

2025-07-25 11:47:00

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