Tarifaço de Trump: ES não fecha novos negócios e deixa de exportar 2,5 mil toneladas de café para os EUA em 7 dias

Tarifaço de Trump terá impacto no setor de rochas e de café do ES A exportação de café do Espírito Santo para os Estados Unidos está paralisada desde o anúncio feito por Donald Trump da nova tarifa de 50% sobre




Tarifaço de Trump terá impacto no setor de rochas e de café do ES
A exportação de café do Espírito Santo para os Estados Unidos está paralisada desde o anúncio feito por Donald Trump da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em 7 dias, o estado deixou de embarcar cerca de 42 mil sacas, o equivalente a 2,5 mil toneladas de café cru e solúvel. O dado é do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), que representa os exportadores do estado.
Novos negócios também não foram selados com os Estados Unidos em todo o país. De acordo com o CCCV, mais de 210 mil sacas de café brasileiro deixaram de ser comercializadas para os Estados Unidos, o que corresponde a 12,6 mil toneladas sem destino.
📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp
O vice-presidente da entidade, Jorge Nicchio, explicou que o impacto foi imediato e atingiu tanto grandes quanto pequenas empresas do setor.
Espírito Santo não fecha novos negócios e deixa de exportar 2,5 mil toneladas de café para os EUA em 7 dias
Ari Melo/ TV Gazeta
“Esse comércio está parado. O que já tá vendido, a gente não sabe ainda o que vai acontecer, porque tem café já vendido anteriormente ao anúncio dessa taxação e que vai ser embarcado agora. Mas, desde então, não têm sido feitas novas vendas para os Estados Unidos”, explicou Jorge.
Brasil é um dos maiores exportadores do mundo
O Brasil é o maior exportador de café do mundo, e os Estados Unidos são historicamente um dos seus principais mercados. No Espírito Santo, o impacto é ainda mais forte, já que o estado lidera a produção nacional de café conilon e é também um dos maiores produtores de café solúvel, que costumam ter demanda no mercado americano.
Nicchio pontuou ainda que o impacto também será sentido pelos Estados Unidos, uma vez que eles produzem só 1% do café consumido por sua população.
Estados Unidos representaram 28,6% das exportações do Espírito Santo, em 2024
Reprodução/ TV Gazeta
O Brasil é o principal fornecedor de café para os EUA e detém cerca de um terço do mercado norte-americano. Países como China, Índia, Indonésia e Austrália podem absorver parte da demanda, mas não seria simples.
“As indústrias relacionadas ao café geram aproximadamente 2 milhões de empregos nos Estados Unidos. São muitas cafeterias, indústrias. Essa medida não atinge só o Brasil, os Estados Unidos também vão sofrer muito, porque outros concorrentes, no curto prazo, dificilmente vão conseguir suprir”, concluiu o vice-presidente do CCCV.
LEIA TAMBÉM:
Tarifaço de Trump: 1,2 mil contêineres de rochas devem deixar de ser exportados neste mês
‘Insana’, diz governador do ES sobre tarifa anunciada por Trump; veja os setores mais afetados
Compradores nos EUA suspendem embarques de rochas naturais brasileiras após tarifaço
Outros setores também enfrentam problemas
A suspensão de novos pedidos não afeta somente os produtores de café. Relatos de suspensão aconteceram nos setores de rochas naturais, gengibre e pimenta-do-reino.
Pimenta-do-reino é um dos produtos do agronegócio exportados para os Estados Unidos
Reprodução/ TV Gazeta
No setor de rochas, mais da metade dos embarques foram suspensos. Segundo a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), com a suspensão dos pedidos, 1.200 contêineres devem deixar de embarcar até o fim de julho, um prejuízo estimado de US$ 40 milhões.
Chapas polidas são os principais materiais exportados para os Estados Unidos
Luiz Gonçalves / TV Gazeta
O secretário de Agricultura Enio Bergoli contou que existem relatos de que as exportações de pimenta-do-reino e gengibre tiveram paralisações. “Tem casos concretos de paralisação de envio. Falei com exportadores e já suspenderam antes de embarcar, desistiram do negócio”, relatou.
O gengibre é o quarto produto mais importante do agronegócio capixaba, atrás somente do café, da celulose e da pimenta do reino
Reprodução/ TV Gazeta
Apesar dos impactos nesses dois produtos, Bergoli disse que ainda é precoce calcular os prejuízos financeiros do anúncio da medida, que entra em vigor somente em 1º de agosto.
“Não é uma tarefa simples quantificar, mas já começamos a vivenciar prejuízos. Pequenos produtores, por exemplo, conseguimos enviar para outros países, mas os exportadores maiores não é uma tarefa rápida”, concluiu.
Celulose e pescado mantêm embarques, mas setores estão apreensivos
Diferentemente de outros produtos do agronegócio capixaba, os embarques de celulose e pescado para os Estados Unidos ainda não foram interrompidos. Mas os representantes desses setores demonstram preocupação com os possíveis desdobramentos do tarifaço.
Segundo Agostinho Miranda Rocha, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Papel, Papelão e Celulose do Estado do Espírito Santo (Sinpacel-ES), as exportações seguem normalmente, mas com atenção redobrada.
Celulose é um dos produtos exportados pelo Espírito Santo
Reprodução/ TV Gazeta
“Nós não tivemos, por enquanto, nenhuma informação sobre cancelamento de pedido. Mas estamos fazendo análises internas. Temos um setor dentro do ecossistema, como papel, papelão, cartonagem e celulose. Os impactos vão ser mais fortes na questão da celulose”, explicou.
Já no setor de pescado, os embarques continuam ocorrendo por enquanto, mas a apreensão é sobre os próximos meses. De acordo com Mauro Lúcio Peçanha de Almeida, presidente do Sindicato das Indústrias da Pesca do Estado do Espírito Santo (Sindipesca), ainda há envios ativos para os Estados Unidos, porque o produto é in natura e transportado por avião.
“Estamos embarcando normalmente, por ser um produto in natura, enviado por avião. O impacto direto ainda não aconteceu, mas a preocupação é com o que pode vir depois que a tarifa entrar em vigor”, disse.
Exportações do agronegócio em números
Estados Unidos representaram 28,6% das exportações do Espírito Santo, em 2024
Reprodução/ TV Gazeta
De acordo com análise da Gerência de Dados e Análises da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em 2024 o Espírito Santo exportou mais de US$ 800 milhões para os EUA.
Já no acumulado de 2025 (de janeiro a maio), o valor exportado alcança US$ 253,4 milhões, demonstrando continuidade e diversidade dessa relação comercial, apesar das oscilações nos volumes e preços.
Participação dos EUA nas exportações do agronegócio
EUA é o maior comprador de rochas do ES
Os Estados Unidos são o principal comprador externo de rochas naturais do Espírito Santo. Somente em junho de 2025, foi responsável por 62,4% de todas as exportações do setor. Outros compradores internacionais, como a China, são responsáveis por adquirir 17,5% das rochas produzidas no estado.
Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo



Conteúdo Original

Posts Recentes

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE