G1 em 1 minuto – Santos: Túnel Santos-Guarujá recebe primeira licença ambiental
O leilão do túnel Santos-Guarujá destrava um projeto de ligação entre os dois municípios que é discutido há quase 100 anos. O primeiro desenho foi elaborado em janeiro de 1927, quando Júlio Prestes era governador de São Paulo, em um plano apresentado pelo engenheiro Enéas Marini.
Sem avanços por décadas, o projeto voltou a ser discutido, e o edital foi lançado no início deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em parceria com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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A obra é considerada histórica e estratégica para a mobilidade regional, e já foi alvo de disputa de protagonismo entre os governos estadual e federal: tanto Lula quanto Tarcísio destacaram o projeto como uma conquista de suas gestões.
Em geral, os discursos políticos adotavam um tom de colaboração institucional. No lançamento do edital, após Tarcísio agradecer e elogiar Lula pelo compromisso com a obra, o presidente ressaltou que a boa relação é essencial para que o projeto avance.
“Não é possível a gente deixar de trabalhar de forma conjunta, de compartilhar esforço, porque eu não gosto de fulano, o fulano não gosta de mim”, disse o presidente na época.
Em manifestações para as próprias bases de eleitores e nas redes sociais, contudo, um cita a obra sem mencionar o outro.
Acontece que, além de ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro, Tarcísio é ventilado como possível candidato na campanha presidencial de 2026. Como mostrou o g1, Lula acredita que o governador de São Paulo será o nome da oposição no ano que vem.
Início em parceria
Assim que o edital foi aprovado, Lula defendeu o projeto em suas redes sociais, afirmando que o compromisso do governo federal “é com quem mais precisa” e reforçando que jamais perseguiria alguém que votou contra ele.
“Jamais vou deixar de emprestar dinheiro para um prefeito, jamais vou deixar de ter uma relação com um governador. Não foi para isso que eu quiser ser presidente da República”, disse durante discurso publicado nas redes.
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Cada um na sua
Dali em diante, presidente e governador não compartilharam mais a parceria no projeto. Em fevereiro, quando o edital foi lançado, o governador defendeu que o projeto seria “um gol de placa” para a Baixada Santista, sem mencionar a participação do governo federal.
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A postura desagradou aliados do presidente. O deputado estadual Antonio Donato chegou a fazer um vídeo “lembrando” que Tarcísio não realizava a obra sozinho, que o projeto era antigo e, agora, era fruto da colaboração entre governos.
Meses depois, durante uma viagem à Dinamarca, Holanda e Noruega para um roadshow — voltado para promover o túnel Santos-Guarujá a investidores —, Tarcísio comparou o projeto com o maior túnel submerso do mundo.
O governador exaltou a engenharia da obra, e disse que projeto semelhante chegaria a São Paulo. Mais uma vez, não houve menção ao governo federal.
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Cisão (quase) completa
Com isso, faz alguns meses que o presidente Lula não se manifesta nas redes sobre o túnel — e a expectativa é que o presidente não compareça ao leilão, sendo representado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e pelo ministro de portos e aeroportos, Silvio Costa Filho.
Algumas das contas do governo federal também passaram a não mencionar que o governo de São Paulo tem participação na obra. A exceção é o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que sempre menciona a parceria.
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O leilão
O leilão acontece nesta sexta-feira (4), na sede da B3, em São Paulo, a partir das 16h.
O primeiro túnel submerso do Brasil tem investimento está estimado em R$ 6,8 bilhões, e duas empresas tiveram suas propostas consideradas regulares, estando aptas a participar do leilão: Acciona Concesiones (Espanha) e Mota-Engil (Portugal).
A empresa vencedora será aquela que oferecer o maior desconto sobre a parcela mensal paga pelo poder público durante a concessão. Em caso de empate, poderá ocorrer uma rodada de lances ao vivo. O contrato terá duração de 30 anos.
O túnel será realizado por meio de uma parceria entre os governos estadual e federal, com participação da iniciativa privada — que será responsável pela construção, operação e manutenção da estrutura.
Entenda o túnel submerso que vai ligar Santos a Guarujá
Arte/g1
O projeto deve se tornar a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Dos 1,5 km de extensão, estima-se que pelo menos 870 metros sejam submersos.
Segundo o edital, as obras devem ser concluídas até 2030. Espera-se que o túnel permita o tráfego de veículos de passeio, transporte público, caminhões, bicicletas e pedestres. Hoje, cerca de 78 mil pessoas atravessam diariamente entre as duas margens usando barcos pequenos e balsas.
Como será feita a construção do túnel?
Segundo o governo, diferentemente dos túneis escavados em rocha — como os de metrô —, o modelo submerso que ligará Santos e Guarujá será composto por grandes blocos de concreto, pré-moldados em docas secas e dotados de câmaras internas de ar.
“Cada peça é construída em terra firme, testada e depois transportada por flutuação até o local de instalação. Lá, os blocos são cuidadosamente afundados, encaixados no leito do canal e protegidos por camadas de areia e pedras”, informou o Ministério de Portos e Aeroportos.
A escolha dessa técnica considerou principalmente o solo da região. Composto por argilas moles e sedimentos fluviais, ele não oferece estabilidade suficiente para escavações profundas.
“Além disso, o túnel imerso apresenta vantagens ambientais e urbanas, exigindo menos desapropriações, reduzindo o impacto visual e permitindo uma execução mais rápida e eficiente”, afirmou o ministério em nota.
A pasta acrescentou que a construção de uma ponte foi descartada devido às restrições da Base Aérea de Santos e ao intenso tráfego de navios no canal portuário.
Como vai ser a obra do primeiro túnel submerso do Brasil?
Arte/g1
Entenda o passo a passo da construção
De acordo com o ministério, o processo de construção do túnel seguirá “etapas rigorosas para garantir precisão e segurança”.
1ª etapa:
O primeiro passo envolve a preparação do leito: será realizada uma escavação no fundo do canal e aplicada uma base de concreto. Nessa fase, também serão construídos os módulos, que passarão por testes de vedação e resistência.
2ª etapa
Na segunda etapa, rebocadores transportarão os módulos até o ponto exato em que serão submersos, de forma controlada.
“A água será bombeada para afundar as estruturas gradualmente, sob monitoramento eletrônico. Uma vez posicionados, os blocos serão encaixados e nivelados com o auxílio de sistemas hidráulicos, fixados com pinos de aço e assentados sobre um leito de areia”, disse o ministério.
3ª etapa
Por fim, a construtora recobrirá toda a estrutura com uma camada de pedras, destinada a proteger o túnel contra impactos e movimentações naturais das correntes marítimas.
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