EUA vão adiar retomada do tarifaço de Trump para 1º de agosto, diz Casa Branca

A previsão era que as chamadas tarifas recíprocas, que atingiram mais de 180 países, voltassem a valer nesta quarta-feira (9). Enquanto isso, o republicano enviou cartas a diversos países anunciando novas tarifas, em uma tentativa de pressionar por acordos comerciais.




A previsão era que as chamadas tarifas recíprocas, que atingiram mais de 180 países, voltassem a valer nesta quarta-feira (9). Enquanto isso, o republicano enviou cartas a diversos países anunciando novas tarifas, em uma tentativa de pressionar por acordos comerciais. Trump ameaça impor tarifas a países que aderirem a “políticas antiamericanas” do BRICS
A Casa Branca anunciou nesta segunda-feira (7) que o presidente Donald Trump irá adiar a data de retomada de seu tarifaço para o dia 1º de agosto. A previsão era que as chamadas tarifas recíprocas, que atingiram mais de 180 países, voltassem a valer nesta quarta-feira (9).
Segundo o governo norte-americano, Trump ainda deve assinar um decreto que confirma a ampliação da trégua nas tarifas. Os Estados Unidos têm tentado chegar a acordos com seus principais parceiros comerciais — mas, até o momento, firmaram entendimento com apenas três países.
“Estamos próximos de outros acordos comerciais”, declarou a Casa Branca.
Em mais uma tentativa de pressionar pela conclusão das negociações, Trump enviou, também nesta segunda-feira, cartas a vários países informando a retomada da cobrança de tarifas, prevista para 1º de agosto. Entre as nações citadas, estão:
Myanmar: taxa de 40%
Laos: taxa de 40%
África do Sul: taxa de 30%
Cazaquistão: taxa de 25%
Malásia: taxa de 25%
Japão: taxa de 25%
Coreia do Sul: taxa de 25%
Além de cartas enviadas aos líderes das nações, Trump anunciou as tarifas em seu perfil na rede Truth Social. (veja abaixo um dos documentos na íntegra)
Trump já havia antecipado neste domingo (6) que os EUA enviariam cartas a seus parceiros comerciais, especificando os valores de taxas que esses países teriam de pagar caso não negociassem acordos com a maior economia do mundo.
As cartas enviadas a Japão e Coreia do Sul seguem um padrão semelhante: Trump afirma que o gesto representa uma demonstração da “força e do compromisso” dos EUA com seus parceiros e destaca o interesse em manter as negociações, apesar do déficit comecial significativo.
“A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Japão uma tarifa de apenas 25% sobre todos os produtos japoneses enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais”, informa a carta enviada ao primeiro-ministro japonês, Ishiba Shigeru.
“Entenda que os 25% são muito menos do que o necessário para eliminar a disparidade do déficit comercial que temos com seu país. Como é do seu conhecimento, não haverá tarifa se o Japão, ou empresas de seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos”, continua a carta, destacando que os EUA se comprometem a obter as aprovações necessárias de forma rápida.
“Se, por qualquer motivo, vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer valor que escolherem será adicionado aos 25% que cobramos”, acrescenta Trump no texto.
A carta enviada ao presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, repete integralmente o conteúdo da mensagem destinada ao primeiro-ministro japonês — incluindo a imposição da tarifa mínima de 25% sobre os produtos sul-coreanos.
Presidente dos EUA, Donald Trump, envia carta ao primeiro-ministro do Japão impondo tarifas de 25% sobre produtos importados do país
Reprodução/Truth Social
Presidente dos EUA, Donald Trump, envia carta ao primeiro-ministro do Japão impondo tarifas de 25% sobre produtos importados do país
Reprodução/Truth Social
Trégua tarifária é prorrogada
O envio das cartas com a nova data de 1º de agosto confirma a prorrogação da suspensão das chamadas “tarifas recíprocas”, concedendo mais três semanas para a negociação de acordos bilaterais que evitem o tarifaço anunciado em abril.
A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano estava prestes a expirar em 9 de julho. Até o momento, Washington firmou apenas acordos limitados com o Reino Unido e o Vietnã. A maioria dos países ainda tenta evitar as tarifas anunciadas, que podem variar entre 10% e 50%.
A União Europeia tenta evitar sobretaxas em áreas como agricultura, tecnologia e aviação, mas ainda enfrenta entraves nas negociações com os EUA. Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Suíça também correm contra o tempo para apresentar concessões de última hora.
Trump também aumentou a ofensiva contra o Brics, grupo de países emergentes que inclui o Brasil, a Rússia, a China, a Índia, a África do Sul, os Emirados Árabes Unidos, o Egito, a Arábia Saudita, a Etiópia, a Indonésia e o Irã.
Também no domingo (6), o republicano afirmou que vai impor uma tarifa adicional de 10% a “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics”.
“Não haverá exceções a essa política”, acrescentou.
Ainda não há informações sobre quais países serão taxados. Trump também não esclareceu o que considera “políticas antiamericanas” em sua publicação.
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que “o uso de tarifas não serve a ninguém” e declarou que “se opõe ao uso de tarifas como ferramenta para coagir outros países”.
A Rússia também respondeu às declarações de Trump. “Vimos, de fato, essas declarações do presidente Trump, mas é muito importante destacar que a singularidade de um grupo como o Brics está no fato de que ele reúne países com abordagens e visões de mundo comuns sobre como cooperar com base em seus próprios interesses”, disse o porta-voz Dmitry Peskov.
Ele acrescentou que “essa cooperação dentro do Brics nunca foi e nunca será dirigida contra terceiros”.
A África do Sul seguiu a mesma linha. Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Chrispin Phiri, o Brics deve ser visto como um movimento em prol de um “multilateralismo reformado, nada mais”.
Segundo ele, “os objetivos do Brics são, principalmente, criar uma ordem global mais equilibrada e inclusiva, que reflita melhor as realidades econômicas e políticas do século 21”.
O Brasil ainda não se manifestou oficialmente.
Veja a carta na íntegra
Prezado Senhor Primeiro-Ministro:
É uma grande honra para mim enviar-lhe esta carta, pois ela demonstra a força e o compromisso de nosso relacionamento comercial, bem como o fato de que os Estados Unidos da América concordaram em continuar trabalhando com o Japão, apesar de terem um déficit comercial significativo com seu grande país. No entanto, decidimos seguir em frente com vocês, mas apenas com um comércio mais equilibrado e justo. Portanto, convidamos vocês a participar da extraordinária economia dos Estados Unidos, o maior mercado do mundo, de longe.
Tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Japão e concluímos que devemos nos afastar desses déficits comerciais de longo prazo e muito persistentes, causados pelas políticas tarifárias e não tarifárias e pelas barreiras comerciais do Japão. Nosso relacionamento tem sido, infelizmente, longe de ser recíproco.
A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Japão uma tarifa de apenas 25% sobre todos os produtos japoneses enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Produtos transbordados para evitar uma tarifa mais alta estarão sujeitos à tarifa mais elevada. Por favor, entenda que os 25% são muito menos do que o necessário para eliminar a disparidade do déficit comercial que temos com seu país. Como é do seu conhecimento, não haverá tarifa se o Japão ou empresas dentro do seu país decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos — e, de fato, faremos todo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira — ou seja, em questão de semanas.
Se, por qualquer motivo, vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer valor que escolherem será adicionado aos 25% que cobramos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir muitos anos de políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais do Japão, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!
Estamos ansiosos para trabalhar com você como nosso parceiro comercial por muitos anos. Se desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas políticas tarifárias, não tarifárias e barreiras comerciais, poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas poderão ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do nosso relacionamento com seu país. Você nunca se decepcionará com os Estados Unidos da América.
Agradeço sua atenção a este assunto!
Com os melhores votos, subscrevo-me,
Atenciosamente,
Donald J. Trump.
Presidente dos EUA, Donald Trump, envia carta ao presidente da Coreia do Sul impondo tarifas de 25% sobre produtos importados do país
Reprodução/Truth Social
Presidente dos EUA, Donald Trump, envia carta ao presidente da Coreia do Sul impondo tarifas de 25% sobre produtos importados do país
Reprodução/Truth Social
Donald Trump em pronunciamento na Casa Branca
Carlos Barria/Reuters



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