Lula sobre Trump: “ninguém quer conversar”
Apesar de ter poupado uma extensa lista de produtos brasileiros, como suco de laranja, aeronaves civis e fertilizantes, a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos deve atingir em cheio alguns dos principais setores exportadores do Brasil.
A medida, oficializada nesta quarta-feira (30) por meio de uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, entra em vigor no dia 1º de agosto e representa um aumento de 40 pontos percentuais sobre a alíquota anterior.
Entre os produtos que não foram isentos e que representam uma parte significativa das exportações brasileiras, estão o café, a carne bovina, o petróleo bruto, máquinas e equipamentos industriais, além de bens manufaturados como eletrônicos.
O mercado norte-americano é o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. O petróleo lidera em receita entre os produtos vendidos aos EUA, seguido por carne e café.
Na lista de não isentos, cinco estão entre os 10 produtos mais vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos.
O impacto da medida, portanto, pode ser profundo — afetando diretamente a balança comercial, a arrecadação e a geração de empregos em setores estratégicos da economia nacional. (Confir
☕ Café
O Brasil é maior exportador mundial de café e tem os Estados Unidos como destino tradicional do grão. Em 2024, as exportações somaram quase US$ 2 bilhões, o equivalente a 16,7% do total embarcado.
Segundo a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, a tarifa de 50% deve comprimir as margens do setor e encarecer o produto para o consumidor americano. O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) também prevê impacto direto no preço final nos EUA.
🥩 Carne bovina
Os EUA são o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira. Em 2024, responderam por 16,7% do volume exportado, com 532 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão em receita, segundo a Abrafrigo.
A Minerva estima que a tarifa pode reduzir em até 5% sua receita líquida. Já empresas como JBS e Marfrig, com operações nos EUA, podem mitigar parte dos efeitos. Ainda assim, o momento é delicado: o produto está caro nos EUA por conta da baixa oferta de bois para abate.
🛢️ Petróleo bruto
As exportações brasileiras de petróleo para os EUA somaram US$ 5,8 bilhões em 2024, o que representa 13% do total exportado da commodity.
Segundo a consultoria StoneX, o impacto da tarifa pode ser “modesto”, já que o setor tem flexibilidade logística para redirecionar embarques. No primeiro trimestre, os EUA foram destino de 4% do petróleo exportado pela Petrobras. Entre os derivados, os EUA responderam por 37% das vendas.
🏗️ Máquinas e equipamentos industriais
A indústria brasileira exportou US$ 1,3 bilhão em motores, máquinas e geradores para os EUA em 2024. Esse segmento representou mais de 60% do total exportado pelo Brasil na categoria de manufaturados, segundo o BTG.
A medida é considerada negativa para empresas como a WEG, de acordo com análise do UBS BB.
📦 Bens manufaturados
O setor de eletroeletrônicos exportou US$ 1,1 bilhão para os EUA apenas no primeiro semestre de 2024, segundo a Abinee. O país é o principal destino das exportações brasileiras do setor.
Além disso, o Brasil exportou US$ 2,2 bilhões em materiais de construção e engenharia, com os EUA respondendo por 58% desse total. Produtos como móveis, calçados e têxteis também devem ser impactados.
Cinco dos 10 principais produtos do Brasil serão tarifados pelos EUA
REUTERS
Sobre as taxas
A decisão da taxação foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida.
O governo americano afirma que o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos. Por isso, decidiu aumentar em 40 pontos percentuais a tarifa que já existia, totalizando agora 50%.
A ordem executiva americana também traz duras críticas ao governo brasileiro. Segundo o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia.
O documento cita diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de emitir ordens secretas para obrigar empresas americanas a censurar discursos políticos, entregar dados de usuários e alterar suas políticas internas sob ameaça de sanções.
Um dos casos mencionados é o de Paulo Figueiredo, que reside nos Estados Unidos e estaria sendo processado criminalmente no Brasil por declarações feitas em solo americano.
Além da tarifa, o presidente Trump determinou, no último dia 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de seus aliados no STF e de seus familiares.
Haddad diz que negociações com EUA continuarão mesmo após início do tarifaço
Conteúdo Original
Presídio em Seropédica pode ser barrado por emenda ao Plano de Desenvolvimento da Região Metropolitana
Uma emenda ao projeto do Poder Executivo que cria o…