A 19ª rodada da pesquisa Genial/Quaest revela que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu fôlego em sua curva de aprovação. Após meses de recuperação gradual desde maio, os números voltaram a oscilar negativamente em novembro. Segundo o levantamento, 50% dos entrevistados desaprovam o governo, enquanto 47% o aprovam. A diferença, que era de apenas 1 ponto em outubro, subiu para 3 pontos neste mês.
O resultado marca uma pausa na tendência de melhora da imagem presidencial e coincide com a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, em 28 de outubro, que reacendeu o debate sobre segurança pública no país. A pesquisa também mostra que a percepção sobre as notícias do governo estagnou: 29% afirmam ter ouvido informações mais positivas, contra 30% em outubro.
Operação no Rio muda foco da população
O impacto da operação nos complexos do Alemão e da Penha foi direto na agenda pública. O tema da violência ultrapassou a economia e voltou a ser a principal preocupação dos brasileiros. Entre outubro e novembro, a insegurança subiu de 30% para 38% como maior temor nacional, enquanto a economia manteve 15%.
A ação policial, que deixou mais de 100 mortos e foi alvo de críticas de entidades de direitos humanos, conta com aprovação de 67% dos entrevistados. O mesmo percentual considera que não houve excesso de força, enquanto 29% veem exagero.
Declarações de Lula dividem eleitores
A pesquisa também avaliou a repercussão das recentes declarações de Lula sobre segurança. O presidente afirmou que traficantes seriam “vítimas dos usuários” — uma frase rejeitada por 81% dos brasileiros. Entre seus próprios apoiadores, 66% discordam da fala; entre eleitores de esquerda não lulistas, o número sobe para 78%.
Para 51% dos entrevistados, a declaração reflete uma opinião sincera do presidente, e não um mal-entendido, como alegam 39%. Já ao comentar a operação no Rio, Lula classificou a ação como “desastrosa” — uma avaliação da qual 57% discordam e 38% concordam.
Avaliação do governo na área de segurança
Na área de segurança pública, a atuação do governo federal é vista como regular por 36% dos entrevistados, negativa por 34% e positiva por 26%. Em março, a taxa de reprovação era maior, de 38%, e a de avaliação regular, menor, de 32%, o que indica estabilidade sem avanço significativo.
Os governos estaduais têm desempenho melhor: 70% os avaliam entre regular (35%) e positivo (35%), enquanto apenas 27% consideram a atuação ruim.
Medidas mais duras têm ampla aprovação
O endurecimento contra o crime organizado é uma demanda majoritária. Para 73% dos brasileiros, facções criminosas deveriam ser classificadas como organizações terroristas. Outros 88% apoiam o aumento da pena para homicídios cometidos a mando de facções, e 65% são favoráveis à proibição de visitas íntimas para integrantes de grupos criminosos.
A chamada PEC da Segurança tem aprovação de 60%. Já a transferência da responsabilidade da segurança pública ao governo federal divide opiniões: 52% são a favor e 46% defendem que cada estado mantenha suas próprias leis. Em contrapartida, 70% rejeitam facilitar o acesso a armas de fogo.
Percepção sobre as causas da violência
Questionados sobre as principais medidas para reduzir a criminalidade, 46% defenderam leis mais rígidas, penas maiores e uma Justiça mais severa. Essa visão é majoritária entre eleitores de direita (53% dos não bolsonaristas e 58% dos bolsonaristas), mas também atrai apoio expressivo entre lulistas (39%) e independentes (41%).
Outros 27% acreditam que o caminho está em mais educação, oportunidades e políticas sociais, proposta que tem maior apoio entre eleitores de esquerda (29%). Em menor proporção, aparecem as respostas “mais policiamento” (11%) e “ações duras contra facções” (9%).
Governadores de direita se unem e Castro ganha destaque
A recente união de governadores conservadores para atuar conjuntamente contra o crime organizado também foi avaliada. O movimento divide opiniões: 47% consideram a iniciativa uma ação política, enquanto 46% acreditam que pode ajudar a reduzir a violência.
O destaque do consórcio é o governador do Rio, Claudio Castro, apontado por 24% como o mais bem avaliado entre os líderes regionais. Ele é seguido por Tarcísio de Freitas (SP), com 13%; Ronaldo Caiado (GO), com 11%; Romeu Zema (MG), com 5%; Jorginho Mello (SC), com 3%; Celina Leão (DF) e Eduardo Riedel (MS), ambos com 2%.
Lula e Trump em pauta internacional
O encontro entre Lula e Donald Trump, em 26 de outubro, também foi lembrado. Segundo a Quaest, 65% dos entrevistados já tinham conhecimento da reunião e 34% souberam durante a pesquisa. Para 45%, o encontro fortaleceu Lula; 30% avaliam que o presidente saiu enfraquecido, enquanto 10% acreditam que a imagem se manteve igual.
Metade dos entrevistados (51%) acredita que Lula e Trump chegarão a um acordo para reduzir tarifas comerciais, enquanto 39% são céticos.
Economia segue estável, mas otimismo cai
A percepção sobre a economia pouco mudou desde outubro. O aumento de preços dos alimentos foi citado por 58% (contra 63% antes), e metade da população ainda considera difícil conseguir emprego. Para 39%, o mercado de trabalho está mais acessível.
Mesmo com expectativas de melhora nos próximos 12 meses, 58% dos brasileiros avaliam que o país “segue na direção errada” — um aumento em relação aos 50% registrados em janeiro.
A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 6 e 9 de novembro, com 2.004 entrevistas presenciais em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
*Com informações de Agenda do Poder
2025-11-12 08:16:00



