Filho de humorista que confessou matar miss é preso suspeito de elo com crime: ‘Estava em pânico’

Indiciado no inquérito que investiga a morte da miss Raissa Suellen Ferreira da Silva, de 23 anos, o motoboy Dhony de Assis, de 26, foi preso nesta quarta-feira (18) em Curitiba. Segundo a Polícia Civil do Paraná, ele era investigado


Indiciado no inquérito que investiga a morte da miss Raissa Suellen Ferreira da Silva, de 23 anos, o motoboy Dhony de Assis, de 26, foi preso nesta quarta-feira (18) em Curitiba. Segundo a Polícia Civil do Paraná, ele era investigado apenas por participação na ocultação do cadáver da jovem, mas agora passou a ser suspeito de envolvimento direto no crime.

  • Veja ainda: Quem é o humorista que confessou matar miss no Paraná

Inicialmente, o assassinato era atribuído exclusivamente ao pai, o humorista e motorista de aplicativo Marcelo Alves dos Santos, de 40 anos, que confessou ter matado a garota após ser rejeitado por ela. Pai e filho agora estão detidos na mesma penitenciária da Região Metropolitana de Curitiba.

A prisão temporária de Dhony foi decretada após a polícia obter imagens de câmeras de segurança que contradizem seu depoimento prestado em 9 de junho. Na ocasião, ele declarou à delegada Aline Manzatto que, enquanto trabalhava como motoboy na manhã de 2 de junho, recebeu uma mensagem do pai pedindo que não fosse para casa. Horas depois, foi chamado para almoçar e, ao chegar, encontrou o corpo de Raissa enrolado em plástico sobre a cama. Segundo seu relato, tentou convencer o pai a se entregar, mas acabou dirigindo uma Captiva emprestada até uma área de mata em Araucária, onde o corpo foi enterrado.

Marcelo Alves, de 41 anos, confessou ter matado a jovem Raíssa Suellen Ferreira da Silva, de 23, — Foto: Reprodução

As imagens analisadas pela polícia, no entanto, mostram que quem dirigia o veículo era Marcelo, o pai, e não Dhony, como ele havia afirmado. A contradição levantou suspeitas de que o filho possa ter mentido para proteger o pai ou para minimizar sua própria participação nos fatos. Com isso, Dhony passou a ser investigado também por possível envolvimento direto no homicídio.

Para o advogado dos presos, Dhony deveria responder somente por dirigir o carro.

— Os acusados já colaboraram com as investigações. A própria autoridade policial já entendeu que a participação do filho foi em ajudar o pai a ocultar o corpo. Ele só dirigiu o veículo. A justiça deve ser feita na medida da sua proporção, sem excessos — disse Caio Percival, defensor dos acusados.

Um dia antes de ser preso, Dhony concedeu entrevista exclusiva ao GLOBO, na qual reafirmou que quem dirigiu o carro foi o pai.

— Ficamos calados durante todo o trajeto. Estava em pânico e desesperado porque havia um cadáver no porta-malas. Mas juro por Deus que não fiz mais nada — sustentou.

Veja trechos da entrevista:

Qual a sua participação no crime?

Dirigi o carro de casa até o local onde meu pai enterrou o corpo. Foi um trajeto de cerca de 20 minutos.

Quem tirou o corpo da cama e colocou no porta-malas?

Meu pai fez tudo sozinho.

Quem retirou o corpo do carro? Quem cavou a cova?

Meu pai fez tudo sozinho. Não fiz nada além de dirigir.

De quem era o carro usado para transportar o cadáver?

De um amigo. Havíamos pedido emprestado no dia anterior para carregar um armário.

Por que seu pai matou a garota?

Ele disse que a chamou em casa para falar sobre uma proposta de emprego, mas acabou dando em cima dela. Ela o mandou se enxergar, disse que ele era gordo e feio. Descontrolado, ele a matou.

Como seu pai matou a vítima?

Ele não revelou. Quando cheguei em casa, estava desesperado, dizendo que havia feito uma besteira, cometido um erro. Perguntei o que tinha acontecido e ele disse que a (Raissa) Suellen tinha falecido e estava sobre a cama. Em nenhum momento ele disse “eu matei”. Eu deduzi que foi ele quando vi o corpo envolto em plástico.

Você ajudou na ocultação do cadáver?

Não. Quando o carro chegou na mata, saí dirigindo. Estava em choque. Não vi ele cavando a cova, nem retirando o corpo do carro. Só voltei depois para buscá-lo.

Porque a emoção pesou. Pedi para ele se entregar e contar o que havia feito.

Por que aceitou ajudar seu pai?

Foi impulso. Emoção de filho. Pedi várias vezes para ele se entregar.

Você se considera culpado?

Só por ter dirigido. Não participei do crime.

Como ele colocou o corpo no carro?

Pegou pelos braços, sozinho, e colocou no porta-malas.

Você ajudou em algum momento?

Durante o trajeto até o local, vocês conversaram?

Fomos em silêncio. Ninguém conseguia dizer uma palavra.

Você tentou convencer seu pai a se entregar?

Sim. O tempo todo. Durante uma semana inteira.

Como vê hoje a decisão de ter ajudado?

Foi um erro. Mas, na hora, fui guiado pela emoção. Pela ligação de pai e filho.

Acha que está pagando por algo que não fez?

Sim. Estão me acusando além do que realmente fiz.

Se arrepende de ter dirigido o carro?

Sim. Mas estava em choque. Foi automático.

Você é filho biológico ou adotivo?

Sou filho adotivo. Meu pai me tirou de um abrigo. Depois, passamos fome juntos nas ruas de Curitiba. Você não faz ideia do quanto estamos ligados. Hoje, estamos destruídos. Ele acabou com a vida da Suellen e também com a dele. Agora percebo que pode ter destruído a minha também.

Vocês foram moradores de rua?

Sim. Dormimos nas ruas de Curitiba quando chegamos. Não tínhamos onde ficar nem o que comer. Pegávamos comida na Praça Tiradentes. É difícil. As pessoas não sabem desse contexto. Só julgam pelo fato de eu ter dirigido. Eu fiz tudo tomado pela emoção. Ajudei meu pai porque ele fez muito por mim. Na hora, não consegui dizer não.

De ser preso de novo e acabar no Tribunal do Júri.



Conteúdo Original

2025-06-19 08:11:00

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