Ex-chefe da Polícia do Rio, delegado Allan Turnowski deixa prisão após decisão da Justiça do Rio

Decisão: STF restabelece prisão de ex-chefe da Polícia do Rio acusado de ligação com o jogo do bicho De ex-secretário de governo a réu por organização criminosa: entenda a prisão do delegado Allan Turnowski Na decisão do Tribunal de Justiça


  • Decisão: STF restabelece prisão de ex-chefe da Polícia do Rio acusado de ligação com o jogo do bicho
  • De ex-secretário de governo a réu por organização criminosa: entenda a prisão do delegado Allan Turnowski

Na decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o desembargador Marcius da Costa Ferreira, da Sétima Câmara Criminal, definiu três medidas cautelares. A primeira é que o ex-secretário está proibido de acessar as dependências de quaisquer repartições da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro ou da Secretaria de Segurança Pública. Ele também está proibido de manter contato com os demais denunciados. E, por fim, o ex-chefe de polícia está proibido de deixar o país e deve entregar o passaporte ao juízo de origem.

Em setembro de 2022, Turnowski foi preso por agentes do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio. De acordo com as investigações, ele atuava como agente duplo, em favor dos contraventores Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, assassinado em novembro de 2020. Ele havia deixado a cadeia em 2022 por decisão do ministro Kassio Nunes Marques.

O delegado já havia sido chefe de Polícia em 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral. Ele deixou o cargo durante uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento da Operação Guilhotina, na qual chegou a ser indiciado por violação de sigilo funcional, acusado de ter repassado informações a um policial que era alvo da ação. O caso foi arquivado por falta de provas. Turnowski sempre negou qualquer irregularidade. Na época, a PF prendeu 30 policiais civis e militares envolvidos com organizações criminosas. Entre os presos, estava o delegado Carlos Oliveira, ex-braço direito de Allan Turnowski.

Convencido de que as informações que ensejaram a operação Guilhotina partiram do delegado Cláudio Ferraz, então titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), Turnowski, antes de exonerar-se, entregou um dossiê contra o colega na Corregedoria Interna da Polícia. De acordo com ele, um dos casos suspeitos na Draco, aberto para investigar desvio de licitação na Prefeitura de Rios das Ostras, em 2008, foi arquivado dois dias depois com a justificativa de falta de provas.

Antes de reassumir a secretaria de Polícia Civil, o delegado atuava no Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), pasta responsável por todas as delegacias da cidade do Rio. Ele retornou ao alto cargo da polícia em setembro de 2020, a convite de Cláudio Castro.

De acordo com as investigações do MP, ele teria sido indicado ao cargo após articulação do delegado Maurício Demétrio, hoje condenado por obstrução de justiça. Segundo as investigações, a atuação de Demétrio para garantir a nomeação de Turnowski ficou evidente em transcrições de conversas obtidas pelos agentes. Ele teria pedido a políticos que apadrinhassem a indicação junto ao então governador em exercício, Cláudio Castro, que havia assumido no mês anterior.

Um dos diálogos obtidos pelos investigadores revela que o ex-chefe de Polícia chegou a pedir ajuda a Demétrio em outra ocasião: “Guru, se ele me pegar, ele vai te pegar, Guru. Tem que me proteger por você! Tem que me proteger por você! Me esquece! Porra, tá maluco? Nós somos um CNPJ, um CPF só! Irmãos de embrião!”. Ele responde: “Farei tudo o que estiver ao meu alcance”.

Durante sua gestão como secretário ocorreu a chacina do Jacarezinho, em maio de 2021, a segunda maior da história do Rio, que culminou na morte de 27 pessoas. Logo depois foi iniciado o projeto Cidade Integrada, de ocupação da comunidade na Zona Norte da cidade por forças do governo estadual, incluindo a polícia. O delegado definiu a ação como “um projeto grandioso, desafiador, que o governador Cláudio Castro confiou às suas polícias a responsabilidade de retomar o território e mantê-lo no domínio do Estado”.

Deixou cargo para disputar eleição

Turnowski deixou o cargo de secretário da Polícia Civil para concorrer, pela primeira vez, a um cargo político. Ele se lançou como candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL), legenda do então presidente Jair Bolsonaro e do governador Cláudio Castro, um de seus principais apoiadores.

Durante as celebrações de 7 de setembro daquele ano, por exemplo, ele publicou fotos com Castro acompanhadas do slogan de campanha: “Sem tolerância com a corrupção”. Na mesma ocasião, o delegado também posou com o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ele deixou a cadeia poucos dias antes do pleito e não conseguiu se eleger. O delegado recebeu pouco mais de 18 mil votos.

Relação com Demétrio e Lessa

Allan Turnowski foi preso no dia 9 de setembro de 2022 em desdobramento de investigações contra o também delegado Maurício Demétrio, que continua na cadeia. O acesso ao conteúdo de 12 celulares apreendidos com Demetrio revelou que o delegado era peça-chave de um esquema de corrupção e de aparelhamento político na área de segurança pública no Rio. As investigações apontaram que ambos agiam em benefício dos contraventores Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio.

“As provas evidenciam que, enquanto Demetrio aderiu francamente a um dos lados da guerra, se aliando a Iggnácio e seus asseclas, Turnowski o fez de modo velado, por intermédio do comparsa delegado, agindo como uma espécie de agente duplo na disputa existente no clã”, diz trecho da denúncia.

Turnowski também chegou a trabalhar com o sargento reformado da PM Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e ter uma sociedade com Rogério de Andrade em casa de apostas no Quebra Mar, na Barra da Tijuca. Lessa trabalhou como adido na Polícia Civil do Rio.



Conteúdo Original

2025-06-17 14:49:00

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