Com a popularidade em queda e decisões impopulares minando sua base de apoio, o presidente Lula vê sua articulação política enfraquecer em um momento decisivo no Congresso Nacional. Líderes governistas têm se mantido ausentes dos embates mais espinhosos, deixando ministros expostos e abrindo caminho para o avanço da oposição. Nesta terça-feira, o cenário de fragilidade pode se agravar com a leitura do requerimento da CPI do INSS, que mira diretamente o governo.
A postura discreta de articuladores como Randolfe Rodrigues (Congresso) e Jaques Wagner (Senado) tem gerado desconforto entre aliados, que se dividem entre a cautela política e o medo de associar seus nomes a derrotas sucessivas. A mais recente delas veio com a aprovação da urgência para a proposta que revoga o aumento do IOF, medida central da equipe econômica liderada por Fernando Haddad. Nem mesmo os líderes do PT na Câmara, como José Guimarães e Lindbergh Farias, entraram em campo para conter a pressão.
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Ministros sem blindagem
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi duramente atacada em audiência no Senado e deixou o plenário sem qualquer defesa pública dos líderes governistas. Episódios como esse têm se repetido, revelando um governo vulnerável e sem cobertura parlamentar. Ainda no Senado, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou projeto que derruba decretos de demarcação de terras indígenas, assinados por Lula, enquanto Jaques Wagner deixava a sessão em silêncio.
No centro dessa crise está a incapacidade do governo de manter uma base sólida e mobilizada. Com parlamentares da oposição mais combativos e um Congresso cada vez mais autônomo, o Planalto vê esfarelar a ideia de uma articulação eficaz. O próprio Randolfe admitiu: “Não conseguimos cobrir todas as comissões ao mesmo tempo”.
A base resiste… mas nem tanto
Mesmo parlamentares alinhados ideologicamente ao governo reconhecem que o estilo moderado tem um custo: a perda de protagonismo diante de líderes como Hugo Motta (Republicanos-PB), que encabeçou a ofensiva contra o IOF. Enquanto isso, projetos sensíveis ao Executivo seguem sendo derrotados, como a Lei do Licenciamento Ambiental.
O pano de fundo é claro: o desgaste político de Lula começa a contaminar a estratégia de aliados que, temendo um efeito dominó, já evitam se vincular a decisões impopulares. O temor é que o barco esteja afundando — e poucos parecem dispostos a permanecer a bordo.
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2025-06-17 10:05:00