Partindo de uma premissa relativamente simples, o amor entre os sertanejos Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Thomas Aquino) que tem como grande impedimento os desmandos do Coronel Eloi (José de Abreu), “Guerreiros do Sol” tem uma narrativa um pouco mais lenta em comparação às produções do streaming.
Esse ritmo se faz necessário para que as relações entre os personagens se estabeleçam de um modo mais natural e para que o espectador entenda as camadas e as motivações dos tipos quem compõem a história. A mocinha da trama, Rosa, por exemplo, não é tão inocente e romântica quanto às protagonistas que costumamos ver em folhetins de época, e Josué, o herói da vez, está longe de ser um poço de virtude.
Além disso, a narrativa menos apressada ajuda a contextualizar melhor o universo onde “Guerreiros do Sol” se desenrola: o sertão nordestino entre as décadas de 1920 e 1930, que é palco do Cangaço.
A novela apresenta outra qualidade que tem se tornado cada vez mais rara na teledramaturgia: diálogos bem lapidados, que flertam com a poesia em diversos momentos e evitam a redundância. A produção da Globoplay não é o tipo de entretenimento que propicia o consumo de olho na segunda tela. Ela exige foco total não só para compreender os detalhes da trama, mas também para admirar a fotografia, o figurino e a direção de arte, que são extremamente caprichados.
Todos esses predicados de “Guerreiros do Sol”, porém, podem gerar um efeito inesperado: afugentar o público, que se acostumou nos últimos anos a assistir produções mais simplórias e que demandam menos atenção.
2025-06-11 05:30:00