A concessão do título de doutor honoris causa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Universidade Paris-VIII gerou forte reação na França, especialmente entre setores da esquerda intelectual.
O jornal francês Libération, uma das principais referências progressistas do país, publicou um editorial expressando “surpresa e tristeza” com a homenagem, argumentando que Lula tem adotado uma postura ambígua em relação à guerra na Ucrânia e se aproximado de regimes autoritários.
A publicação destacou a presença do presidente brasileiro no desfile militar de 9 de maio, em Moscou, ao lado de líderes como Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China), o que reforçou críticas sobre sua política externa.
A polêmica na França ocorre em um momento delicado para Lula, que enfrenta alta rejeição no Brasil. Segundo a última pesquisa Genial/Quaest, 66% dos brasileiros são contra sua candidatura à reeleição em 2026, um aumento significativo em relação aos levantamentos anteriores.
Além disso, sua desaprovação entre católicos, tradicionalmente um grupo de apoio, superou a aprovação pela primeira vez em seu governo. A pesquisa também revelou que sua rejeição eleitoral está crescendo, o que pode impactar sua viabilidade política nos próximos anos.
Lula em maus lençóis: rejeição dispara e maioria dos eleitores quer aposentadoria do presidente
Rejeição que vai além das fronteiras
A postura internacional de Lula tem sido alvo de críticas não apenas na França, mas também em outros países. Sua participação no evento do “Dia da Vitória” em Moscou, ao lado de 19 líderes autocratas, gerou uma moção de repúdio na Câmara dos Deputados brasileira.
Entre os presentes estavam Nicolás Maduro (Venezuela), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Aleksandr Lukashenko (Bielorrússia), reforçando a percepção de que Lula se alinha a regimes autoritários.
A presença do presidente brasileiro ao lado desses líderes foi vista como um contrassenso, considerando que seu governo se apresenta como defensor da democracia.
O episódio na França expõe uma contradição frequentemente apontada por críticos: enquanto a esquerda brasileira se posiciona como defensora dos valores democráticos, na prática, há um histórico de apoio a governos autoritários.
A reação do Libération reflete um setor da esquerda europeia que vê com ceticismo a política externa de Lula, especialmente sua tentativa de se posicionar como mediador em conflitos internacionais, ao mesmo tempo em que mantém proximidade com líderes acusados de violações de direitos humanos.
A repercussão negativa do título honorário concedido a Lula na França e sua crescente rejeição interna indicam desafios para sua imagem internacional e sua governabilidade.
Com a aproximação das eleições de 2026, o presidente terá que lidar com um cenário político cada vez mais polarizado e com críticas que ultrapassam as fronteiras do Brasil.
2025-06-07 20:00:00