Novela Laços de Família comemora 25 anos; ela ainda faria sucesso

Dessa forma, Maneco, como era conhecido nos bastidores da Globo, alternava cenas absolutamente banais com sequências de alta voltagem dramática em que a natureza humana e suas peculiaridades eram esmiuçadas. As vilãs do autor tinham traços humanos, as heroínas colecionavam


Dessa forma, Maneco, como era conhecido nos bastidores da Globo, alternava cenas absolutamente banais com sequências de alta voltagem dramática em que a natureza humana e suas peculiaridades eram esmiuçadas. As vilãs do autor tinham traços humanos, as heroínas colecionavam erros, os mocinhos eram hesitantes e os assuntos que permeavam suas tramas ganhavam as ruas, pautavam conversas de bar e encontros familiares.

Manoel Carlos dominava como poucos a arte de criar tramas identificáveis em que o maniqueísmo, característica que abunda nas novelas, não tinha tanto espaço e o jeito panfletário de abordar temas espinhosos e atuais, que hoje impera nas produções, não encontrava eco em suas criações. Nas novelas de Maneco, as causas serviam à história e não o oposto.

Na era das redes sociais e do consumo desenfreado de informações e conteúdo em diversas plataformas, o estilo menos frenético das novelas de Manoel Carlos encontraria espaço na TV atual?

Vera Fischer e Tony Ramos formaram o par romântico Helena e Miguel em “Laços de Família” Imagem: CEDOC/Globo

Certamente se ainda estivesse na ativa, Manoel Carlos teria que adaptar um pouco a velocidade com que os acontecimentos de sua novela se desenrolavam. O ritmo mais lento que marcou sua narrativa perdeu espaço nos últimos anos. Hoje, cenas contemplativas ou com referências excessivas ao cotidiano praticamente sumiram das produções. Dificilmente veríamos Helena comentando as notícias que leu no jornal ou teríamos um personagem divagando sobre a vida, como costumava fazer Miguel (Tony Ramos) em “Laços de Família”.

Por outro lado, há uma marca de Manoel Carlos que segue atemporal e que faz falta nas novelas atuais: o modo cativante como ele criava personagens complexos e retratava as relações humanas. O texto de Maneco examinava a intimidade familiar do brasileiro, gerando uma forte identificação no público. Mesmo usando o Leblon como um microcosmo da sociedade, ele conseguia desenvolver histórias universais, falando de sentimentos e emoções, que ainda dialogam com o público atual. Prova disso é o sucesso da última reprise de “Mulheres Apaixonadas” (2003) no “Vale a Pena Ver de Novo”.



Conteúdo Original

2025-06-05 05:30:00

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