Jeitinho carioca: como o Brazilian Core virou febre até no armário dos gringos

O verde e amarelo virou tendência Brasil afora tendo o Rio como seu principal expoente. Mas não são só as cores que têm chamado atenção: o estilo de vida verdadeiramente carioca tem se tornado inspiração para gringos e brasileiros de


O verde e amarelo virou tendência Brasil afora tendo o Rio como seu principal expoente. Mas não são só as cores que têm chamado atenção: o estilo de vida verdadeiramente carioca tem se tornado inspiração para gringos e brasileiros de outras regiões. Tudo isso impulsionado pelas redes sociais — principalmente o TikTok..

Por muito tempo, o uso de camisas da Seleção Brasileira ou com a bandeira do Brasil vinha tendo conotação quase que exclusivamente política. Hoje, essas peças passaram a representar uma estética da moda carioca — praia, verão, chinelo e, claro, cerveja gelada.

Isto se intensificou durante a última Copa do Mundo, em 2022, quando criadores de conteúdo passaram a montar looks nas cores da bandeira de forma estilosa, criativa e desconstruída. E hoje virou uma febre que tem até nome próprio.

Mais do que uma tendência de moda, o Brazilian Core também ressignifica o orgulho de ser brasileiro. Em vez de associar o verde e amarelo a discursos políticos, a estética virou um símbolo de celebração da cultura nacional. É como se as pessoas tivessem, enfim, recuperado a liberdade de vestir a própria bandeira com leveza e autenticidade.

A tendência deixou de fazer parte de um grupo nichado do TikTok e se transformou em um fenômeno global. Um exemplo disso é a modelo norte-americana Gigi Hadid, que se tornou embaixadora internacional da Havaianas – marca 100% brasileira e considerada “a cara do Rio”.

O anúncio da parceria foi feito no último domingo (18) pelas redes sociais da própria influenciadora. No texto, Hadid afirma ser uma “fã de longa data” da marca.

Imagem publicada pela modelo Gigi Hadid nas redes sociais – Foto: Reprodução

A influência na moda

Com o hype desse estilo, blusas e outros itens com a bandeira do Brasil começaram a ultrapassar fronteiras. Do outro lado do mundo, uma camiseta com a inscrição “Rio de Janeiro” foi vista à venda numa loja de fast-fashion.

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Foto: Reprodução/ redes sociais.

“O brasileiro é um povo muito ativo nas redes sociais e viraliza conteúdos com muito mais facilidade quando comparado ao público de outros países. Acho que o brasileiro vendeu bem o peixe dele e fez os gringos quererem fazer parte dessa cultura”, contou Igor Pedroni, criador de conteúdo e estudante de Marketing.

O estilo anos 90, combinado com essa tendência, também tem funcionado bem no mundo da moda. No Saara, polo de comércio popular do Rio, não é preciso nem andar três minutos para ver blusas “cropped”, biquínis, saídas de praia e shorts nas vitrines.

“Como aqui é um mercado popular, vem muito gringo. E eles querem comprar muitas coisas do Brasil – biquíni, bandeira, blusa. Todos os dias a procura é grande. E esse biquíni que tá em alta, com aquela marquinha de fita, ficou famoso e tem muita saída”, contou a comerciante Jaqueline da Silva.

Para a professora e coordenadora do curso de Moda da Universidade Estácio, Mônica Mansur, a influência desses criadores de conteúdo afeta diretamente o estilo das pessoas.

“As redes sociais têm tido um impacto profundo e multifacetado na forma como as pessoas se vestem. Ao ver como pessoas comuns, não só celebridades, se expressam, os usuários se sentem mais encorajados a experimentar”, explicou a especialista.

Influência além da moda

A mudança no modo de se vestir reflete, na verdade, uma valorização do lifestyle carioca. O Brazilian Core, resumidamente, é o “jeitinho brasileiro” traduzido em roupas e acessórios. Mas também é uma forma de representar, através do visual, uma vida calma e tranquila – e tudo que a praia e verão podem significar.

Essa valorização do estilo de vida brasileiro também impactou o gosto musical da estudante de Medicina Giovana Oliveira, de 23 anos. Fã assídua do TikTok, ela contou que os conteúdos criados por influenciadores digitais a fizeram consumir mais MPB.

“Antes, eu escutava mais artistas internacionais e não valorizava tanto a música brasileira, mas o aplicativo me apresentou uma variedade que, até então, não fazia parte das minhas playlists. Como uso a plataforma diariamente, acabo descobrindo sons regionais e artistas que provavelmente não conheceria sozinha”, afirmou Giovana.

Um novo jeito de se conectar

O impacto das redes sociais no comportamento dos jovens é tema de estudo para profissionais da área. Para o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em Marketing, Rafael Cuba, o que move esse tipo de conteúdo é a autenticidade.

“Hoje existe uma busca por conteúdos que conectem marcas a um estilo de vida, com qualidade e, principalmente, com alma. Isso cria comunidade, gera pertencimento”, explicou o professor.

Cuba destaca que esse novo jeito de produzir conteúdo explora a chamada “lógica do bem-estar” – uma vida mais leve, saudável e emocionalmente equilibrada.

“E quando a gente olha para o lifestyle carioca, isso ganha ainda mais destaque. O Rio é uma grande capital, com relevância econômica, social e cultural, cercada por uma natureza de tirar o fôlego. Ao mesmo tempo em que a gente busca equilibrar vida pessoal e trabalho, o Rio oferece um estilo de vida onde isso é possível. Como produto em um mercado que busca autenticidade e bem-estar, o Rio é um pacote completo”, concluiu.



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