Na quarta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,89%, cotada a R$ 5,6951. Já a bolsa fechou em queda de 0,47%, aos 138.888 pontos. Cédulas de dólar
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O dólar opera em queda de 0,75% nesta quinta-feira (29), cotado a R$ 5,6524 às 13h05. O Ibovespa caía 0,57% no mesmo horário, aos 138.102 pontos.
▶️ O mercado financeiro global reage à decisão da Justiça dos Estados Unidos de bloquear, com efeito imediato, a maioria das tarifas estabelecidas pelo presidente americano Donald Trump, incluindo as taxas recíprocas aplicadas para mais de 180 países no início de abril. Investidores costumam ver com bons olhos medidas que aliviam o tarifaço, por entenderem que elas reduzem o risco de uma recessão global. (leia mais abaixo)
▶️ No Brasil, porém, as atenções ainda estão voltadas aos sinais de que o governo pode recuar sobre sua decisão de aumentar o IOF. Já são mais de 20 propostas no Congresso tentando derrubar a medida. Ontem, a Fazenda indicou que vai “se debruçar sobre alternativas” que possam substituir a medida, mas, na quarta, o ministro Fernando Haddad já havia alertado que, sem os R$ 20 bilhões previstos com a alta do imposto, será preciso fazer novos cortes no Orçamento.
▶️ Além disso, o mercado repercute a divulgação da taxa de desemprego (Pnad Contínua), que ficou em 6,6% no trimestre terminado em abril, menor do que o projetado pelos analistas. Na véspera, os dados do Caged também surpreenderam, com a criação de 257,5 mil empregos formais. Investidores acompanham de perto esses dados porque, no cenário atual, um mercado de trabalho forte pode dificultar o controle da inflação e adiar cortes de juros pelo Banco Central.
▶️ No noticiário corporativo, as ações da fabricante de chips de IA Nvidia subiram após uma receita trimestral mais forte do que o esperado. Outro destaque é queda das ações da Azul, que entrou com um pedido de recuperação judicial nos EUA e teve seus papéis excluídos dos índices da B3.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,87%;
Acumulado do mês: +0,32%;
Acumulado do ano: -7,84%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,77%;
Acumulado do mês: +2,83%;
Acumulado do ano: +15,47%.
Justiça suspende tarifaço de Donald Trump a países
Bloqueio do tarifaço de Trump
O Tribunal do Comércio Internacional bloqueou, na noite desta quarta-feira (28), a maioria das tarifas impostas por Donald Trump desde janeiro a mais de 180 países.
Na decisão, os magistrados afirmam que o presidente excedeu sua autoridade ao impor, com base em uma lei de poderes emergenciais, taxas generalizadas sobre produtos importados de diversos países. A Casa Branca disse que já recorreu da decisão.
O bloqueio é visto de forma positiva pelos investidores, uma vez que entendem que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Assim, com o alívio da guerra tarifária, os futuros de Wall Street subiram e o dólar americano se fortaleceu.
“Esta decisão é um acontecimento importante e enfraquecerá o poder de barganha de Trump em suas negociações em andamento com os principais parceiros comerciais dos EUA”, disseram analistas do Banco Nacional do Kuwait em nota.
“Se a decisão for mantida, será um grande acontecimento positivo para os EUA e a economia global.”
Recuo no IOF
O governo federal tem enfrentado forte pressão para revogar o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio. (leia mais)
A medida foi anunciada na semana passada, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, com o objetivo de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
Desde então, a oposição e alguns parlamentares da base têm se articulado para derrubar a medida com um Projeto de Decreto Legislativo (PDL). Até agora, já foram apresentadas 22 propostas deste tipo: 20 na Câmara e 2 no Senado.
Nesta quinta, inclusive, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou ao blog da Andréia Sadi que o ambiente no Congresso é favorável à derrubada do decreto. “Se pautar [a derrubada], sem dúvida”, afirmou.
Do outro lado, o ministro Fernando Haddad diz que a revogação não está em discussão no momento. Na noite de quarta-feira, ele se reuniu com Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para explicar as consequências fiscais da eventual queda do decreto.
Segundo ele, sem os R$ 20 bilhões esperados com a alta do IOF, o governo teria de promover novos cortes no Orçamento.
“Em nenhum momento se discutiu revogação da medida. O que está sendo discutido é como tratar o tema com responsabilidade, olhando para o equilíbrio fiscal e institucional do país”, disse o ministro.
Horas antes, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, havia admitido que a equipe econômica iria se “debruçar sobre alternativas” que possam substituir o aumento do imposto.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, chegou a afirmar que a avaliação do setor financeiro é que o equilíbrio das contas públicas “não deve vir de aumento de impostos, sobretudo regulatórios [como o IOF]”.
Mercado de trabalho
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,6% no trimestre terminado em abril. O índice é o menor para este período do ano desde o início da série histórica, em 2012.
Além disso, o contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu patamar recorde (39,6 milhões), segundo o IBGE, registrando crescimento de 0,8% em relação ao trimestre anterior e de 3,8% frente ao mesmo período de 2024.
Na quarta, o Ministério do Trabalho divulgou o Caged, que apontou a criação de 257,5 mil vagas formais em abril, um aumento de 7,3% em comparação ao mesmo mês de 2024 e o maior resultado para o período na série histórica do Novo Caged, que contabiliza os dados a partir de 2020.
Os dados surpreenderam o mercado financeiro, ao demonstrarem um mercado de trabalho aquecido apesar dos esforços do Banco Central para desacelerar a economia do país, aumentando os consecutivamente os juros, numa tentativa de controlar a inflação.
Outro destaque da agenda econômica desta semana é a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, na sexta-feira (30).
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