O que nos leva a “Premonição: Laços de Sangue”, alardeado como “um retorno à boa forma” da série, que chega aos cinemas 14 anos depois do quinto exemplar. Na prática, contudo, a dupla de diretores Zach Lipovsky e Adam B. Stein segue exatamente a mesma fórmula do original, cometendo o pecado de “explicar” as origens da ação da Morte em pessoas tão aleatórias ao longo de um quarto de século.
Como seus antecessores, “Laços de Sangue” começa com uma tragédia monumental, ainda nos anos 1960, quando a morte de centenas de pessoas é impedida por uma jovem que experimentou uma visão apocalíptica. Nos dias de hoje, sua neta, Stefani (Kaitlyn Santa Juana), experimenta a mesma visão e descobre que o acidente evitado “atrapalhou” os planos da Morte, que passou os anos seguintes ceifando a vida não só dos que foram salvos, mas também de seus descendentes – o que “explica” a carnificina em tantos filmes.
Stefani divide a visão com sua família e só encontra ceticismo. Ela então parte em busca da avó, uma reclusa que cortou os laços com os filhos e vive isolada em uma espécie de bunker há duas décadas, onde acredita ter se mantido à frente das armadilhas da Morte. É o gancho para colocar sua família – tio, irmão e primos – na mira da mão incansável do ceifador invisível, e desculpa para o filme arquitetar cenários elaborados e sangrentos para despachar a turma desta para melhor.
Não que, a essa altura, exista alguma esperança de “Premonição: Laços de Sangue” ter qualquer coesão narrativa. O que sempre foi esperado dos filmes da série – e o que fazia a alegria da garotada lotando os cinemas – eram as cenas de morte violentas, engraçadas e memoráveis. O segundo filme trouxe o acidente em uma rodovia que impediu muita gente de viajar tranquila atrás de um caminhão transportando toras de madeira; o terceiro fez uma geração evitar sessões de bronzeamento artificial.
O bacana de “Premonição” sempre foi transformar momentos banais em armadilhas mortais, tornando o medo dos personagens mais palpável. Tirando uma sequência em um churrasco em família, tensa e redondinha, “Laços de Sangue” estraga sua própria fórmula ao desenhar cenários inverossímeis mesmo para um filme da série – e ao fazer do terror um drameco familiar.
2025-05-19 12:00:00