Criança com sinais de tortura passa por cirurgia e estado é grave; padrasto está preso suspeito do crime

A criança de 4 anos supostamente submetida a sessões de tortura pelo padrasto passou por cirurgia em hospital do Complexo Hospitalar da UFRJ e está entubada. Segundo o Serviço de Emergência do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG),


A criança de 4 anos supostamente submetida a sessões de tortura pelo padrasto passou por cirurgia em hospital do Complexo Hospitalar da UFRJ e está entubada. Segundo o Serviço de Emergência do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), vinculado à Ebserh, o estado de saúde da vítima é grave, porém estável. A paciente chegou ao hospital em 6 de maio, e dez dias depois, a Polícia prendeu o suspeito por maus tratos reiterados com a menina, que teriam levado ao quadro gravíssimo de perfuração intestinal, fratura no braço e sepse abdominal, segundo boletim médico.

A vítima foi levada à beira da morte ao hospital, após sofrer quatro paradas cardíacas e apresentar vômitos de cor esverdeada, além de múltiplos hematomas por todo o corpo. Em nota atualizada na manhã deste domingo, a unidade de saúde informou que a criança permanece internada, sedada e sob cuidados intensivos, tratando complicações infecciosas e abdominais.

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Outras mães que estavam no Hospital Pediátrico acionaram a polícia ao se depararem com o estado da vítima ao dar entrada na unidade. O caso é investigado pela 37ª DP (Ilha do Governador) e um homem foi preso temporariamente na noite desta sexta-feira (16), em Paciência, na Zona Oeste do Rio, por suspeita de submeter a menina a sessões prolongadas de tortura.

A mãe da menina precisou ser protegida no hospital, evitando um linchamento pela demais genitoras presentes. Na delegacia, ela chegou a dizer, em depoimento, que temia morrer caso denunciasse o agressor.

A polícia analisou mensagens de celular trocadas entre a mãe e o companheiro. Em uma delas, ele chegou a afirmar: “Ela é forte porque estou moldando ela na dor. Fica fraco quando é só amor.” A frase causou indignação entre os investigadores, que classificaram o conteúdo como “evidente prática de tortura”.

A investigação descobriu ainda que a criança era frequentemente trancada sozinha em banheiros escuros. As agressões eram constantes e sempre camufladas por desculpas como “quedas” ou “acidentes”. A polícia apura ainda se as irmãs da vítima, também menores de idade, que moram no mesmo imóvel, podem ter sido vítimas do agressor.

O homem preso já possuía duas anotações criminais: uma por violência doméstica e outra por importunação sexual, inclusive com relato de que ele ficou nu na frente de uma criança de 12 anos em contexto familiar.

O Delegado da 37ª DP (Ilha do Governador) vem conduzindo as investigações com prioridade máxima. Segundo ele, o caso não é apenas de violência doméstica, mas de tortura sistemática e dissimulada, com sinais de perversidade incomuns até entre crimes similares.

— Estamos diante de um verdadeiro carrasco. A frieza das mensagens, o padrão de agressões e a omissão deliberada de socorro mostram um cenário de terror que vinha se arrastando há meses — afirmou Felipe Santoro, delegado responsável pelas investigações.

Conversas extraídas dos celulares revelam ainda outras agressões. A mãe confronta o companheiro: “Eu vi você dando uma joelhada nela só porque ela não queria comer.” Ele retruca com palavrões e negação violenta. A menina também já havia sofrido fratura no braço, que o casal tentou justificar como “queda da cama”. Em outro ponto da conversa, a mãe da criança descreve os sintomas da menina, em seguida diz: “…não posso levar ela na UPA pra não dá merd*”.

A prisão temporária foi decretada com base nos indícios de autoria, na gravidade dos crimes e no risco de fuga do suspeito ou represália às testemunhas. O delegado Santoro ainda ressaltou a importância da denúncia e do registro de ocorrências em casos de suspeita de abuso e maus tratos.

— Mesmo que pareça tarde, ainda assim é fundamental. Só assim conseguimos agir a tempo e impedir que monstros como esse sigam destruindo vidas. O silêncio protege o agressor e condena a vítima — alerta o delegado.

No momento da prisão, o suspeito não ofereceu qualquer tipo de resistência e negou ter agredido a criança. Ele vai responder pelo crime de tortura, um delito hediondo. Segundo o delegado, o caso pode evoluir para tentativa homicídio qualificado.

As investigações e novas diligências estão em andamento, incluindo oitiva das testemunhas e análise do conteúdo extraído de aparelho eletrônico apreendido com o suspeito.



Conteúdo Original

2025-05-18 11:46:00

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