Após uma operação resgatar 22 paraguaios em condição análoga à escravidão em uma fábrica de cigarros clandestinos em Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, os agentes da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) responsáveis pela ação informaram que, pelo maquinário e a quantidade de produtos encontrados por lá, com mais de uma marca de cigarro, a produção abastecia o mercado ilegal em diversas regiões do estado.
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Segundo o delegado Felipe Montes, da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas da Polícia Federal (PF), a ação integrada com a Polícia Civil, através da FICCO/RJ, e com o Ministério Público Federal, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), ajuda a elucidar o funcionamento da atividade ilegal. Cinco homens, brasileiros, foram presos em flagrante por suspeita de atuarem como gerentes e supervisores na fábrica e o galpão foi fechado durante a ação. Participaram
A fábrica teria ligação com o contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho. Ele já foi alvo de operações anteriores contra a máfia dos cigarros, como em março deste ano, quando agentes buscavam cumprir um mandado de prisão contra ele e outros 20 envolvidos. O mandado contra o contraventor não foi cumprido até agora.
Os responsáveis poderão responder por tráfico internacional de pessoas, submissão a trabalho escravo, formação de organização criminosa, crime contra a saúde pública, falsificação, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção. Já os materiais e equipamentos apreendidos durante a ação serão levados ao Depósito da Receita Federal, onde serão acautelados e submetidos à perícia.
“O tráfico de trabalhadores paraguaios para fábricas clandestinas de cigarro é uma rota recorrente no Brasil, pois essa mão de obra especializada é bastante comum naquele país, o que torna essas vítimas vulneráveis a esse tipo de exploração”, diz um trecho da nota em conjunto das forças de segurança.
Situação ‘degradante’ e ‘insalubre’
Os paraguaios resgatados estão sob acompanhamento das autoridades competentes, que avaliam a adoção de medidas de proteção e regularização migratória, podendo optar pela permanência ou volta ao país de origem. Eles chegaram à Superintendência da PF em duas vans, escoltadas por uma viatura da Polícia Civil (PCERJ).
— Ao deflagrar a operação, constatamos que eles eram mantidos em condições de higiene precária, num alojamento péssimo, quente, com baixa circulação de ar, fora o barulho das máquinas. Uma situação degradante e insalubre — diz Leandro Artiles, delegado da subsecretaria de Inteligência da PCERJ.
*Estagiário sob a supervisão de Giampaolo Morgado Braga.
2025-05-13 07:00:00