‘Saidinha’ de fim de ano colocou quase 50 mil presos nas ruas

Enquanto uns brindam com champanhe, outros brindam com tornozeleira eletrônica (Reprodução) Com informações de Coisas da Política. Quase 50 mil presos ganharam um presente de Natal que não veio do Papai Noel, mas da legislação ultrapassada brasileira: a famosa “saidinha”.



Enquanto uns brindam com champanhe, outros brindam com tornozeleira eletrônica (Reprodução)

Com informações de Coisas da Política. Quase 50 mil presos ganharam um presente de Natal que não veio do Papai Noel, mas da legislação ultrapassada brasileira: a famosa “saidinha”. Foram 46 mil detentos liberados para passar o fim de ano fora das grades — o equivalente a 6,5% dos 701 mil encarcerados no país. Se somarmos quem cumpre pena em outros regimes, como prisão domiciliar, o Brasil chega à impressionante marca de 937 mil pessoas privadas de liberdade.

Comparado ao Natal de 2024, quando 52 mil saíram, houve uma queda de 11,5%. Mas convenhamos: ainda é muita gente indo curtir as festas com a família enquanto a sociedade fica de olho no calendário esperando janeiro, quando saberemos quantos realmente voltaram. E nesse intervalo, o risco é óbvio: milhares de criminosos circulando livremente pelas ruas, aumentando a sensação de insegurança e deixando a população com a pulga atrás da orelha.

Mas o Congresso não tinha acabado com isso?

Em maio de 2024, o Congresso aprovou o fim das saidinhas para visitas familiares e atividades de ressocialização. A regra agora é clara: só sai quem vai estudar. Mas calma lá. A Constituição manda avisar: lei penal mais dura não vale para crimes cometidos antes da sua vigência. Ou seja, quem já estava condenado antes da mudança continua com direito ao benefício.

O professor Gustavo Badaró, da USP, explica: “Dificilmente hoje temos alguém condenado por crime cometido depois da nova lei. Só daqui a alguns anos veremos o efeito real da proibição.”

São Paulo lidera o ‘Natal fora das grades’

São Paulo segue campeão absoluto da saidinha: 31,8 mil presos foram liberados, nada menos que 15% da população carcerária estadual. No Pará, 2,4 mil ganharam o benefício, também 15%. Em Santa Catarina, 2,1 mil, o que representa 7% do total. Já em estados como Acre, Alagoas, Amazonas, Goiás, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, não há saidinha.

E tem aqueles que preferiram o silêncio natalino: Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul simplesmente não informaram quantos presos foram liberados. Transparência? Só no papel de presente. Enquanto isso, a sociedade se pergunta se não está sendo exposta a um verdadeiro “liberou geral” de fim de ano.

Moral da história

Enquanto uns brindam com champanhe, outros brindam com tornozeleira eletrônica. A “saidinha” virou aquele presente que ninguém quer dar, mas milhares recebem. O resultado? Uma multidão de criminosos temporariamente soltos, transformando o Natal e o Ano Novo em um teste de nervos para a sociedade. O Brasil segue nesse eterno dilema: ressocializar ou vigiar — e quem paga a conta é sempre o cidadão que fica à mercê da insegurança.



Conteúdo Original

2025-12-31 09:33:00

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