As obras de revitalização do Jardim de Alah, segundo a Prefeitura do Rio, só devem começar em janeiro. Mas os tapumes já foram instalados em outubro — e moradores da Zona Sul do Rio têm convivido, por quase três meses, com a sensação de insegurança provocada pelo isolamento. A interdição dificulta a circulação de pedestres e reduz o número de vagas para estacionamento, justamente na época de maior movimento no comércio.
A cidade, lotada de turistas, ainda ganha as imagens de uma área em obras — sem obras — e com a impressão de abandono, já que não há operários trabalhando na região.
Moradores e visitantes relatam que os tapumes formaram nichos pouco visíveis na fronteira entre Ipanema e Leblon — dois dos bairros mais nobres da cidade. E há quem relate que estariam sendo usados como esconderijo e rota de fuga de pivetes após furtos.
“Os garotos roubam e correm para dentro da área isolada”, conta a manicure Francisca Marques, que circula sempre pelo trecho interditado.
O problema se intensifica em um dos períodos mais movimentados do ano. Com o aumento do fluxo de turistas durante o Natal e o réveillon na Zona Sul, quem circula pela área encontra dificuldades para estacionar e acessar lojas e serviços do entorno.
O que diz o consórcio responsável pelas obras
O consórcio Rio Mais Verde, que ganhou a licitação para a revitalização do Jardim do Alah, disse que não tem notícias de que os tapumes estejam escondendo pivetes que praticam furtos. Em nota, a empresa garante que mantém a segurança do trecho em obras.
“O consórcio Rio Mais Verde informa que não há qualquer registro de ocorrência relacionada à utilização dos tapumes do Jardim de Alah como rota de fuga para criminosos”, diz, em nota. “O parque conta atualmente com agentes de segurança privada, com ronda motorizada, além da instalação de 31 totens de vigilância Gabriel, que somam 90 câmeras de segurança em operação”.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura do Rio respondeu às criticas com uma nota. Eis a íntegra:
“A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) informa que os tapumes foram instalados para a realização das obras, com início marcado para janeiro. Serão investidos no Jardim de Alah R$ 110 milhões para revitalização e para promover melhor integração entre o parque e o bairro”.
O consórcio Rio Mais Verde, porém, diz que as obras já começaram. E que os tapumes são necessários nesta etapa de intervenções.
“O cercamento faz parte da fase preparatória da obra, que envolve levantamentos técnicos, sondagens, organização do canteiro e medidas de segurança. As obras já foram iniciadas com a supressão arbórea, desmonte das grades e de parte do mobiliário existente. O que se inicia em janeiro, é a fase de ajustes no sistema e nas adutoras, sob responsabilidade da concessionária pública Águas do Rio, etapa essencial para que, na sequência, comece a fase construtiva do parque e do empreendimento. A antecipação garante mais eficiência e menor impacto no período de maior movimento da Zona Sul”, diz a empresa, em nota.
Conclusão das obras no Jardim de Alah está prevista para 2027
O Jardim de Alah passa por um projeto de revitalização e concessão à iniciativa privada, a cargo do consórcio Rio Mais Verde, liderado pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães e pelo empresário Alexandre Accioly. A proposta prevê a requalificação do parque com áreas de lazer, comércio e serviços, e tem previsão de entrega em 2027.




