Como ‘O Sobrevivente’ atualiza a visão distopica de Stephen King

“Comecei a ler Stephen King aos 12 ou 13 anos”, lembra Wright. “Eu tinha uma antologia com os quatro livros de Bachman, lançada depois que o pseudônimo foi exposto.” Quando pergunto se seu primeiro contato com “O Sobrevivente” foi o


“Comecei a ler Stephen King aos 12 ou 13 anos”, lembra Wright. “Eu tinha uma antologia com os quatro livros de Bachman, lançada depois que o pseudônimo foi exposto.” Quando pergunto se seu primeiro contato com “O Sobrevivente” foi o livro original ou a adaptação com Schwarzenegger, o diretor é direto: “Com o livro, porque o filme era proibido para menores de 18 anos no Reino Unido eu não pude ver quando ele foi lançado”.

Se a ação do livro é ambientada em 2025, Wright optou por não cravar uma data em sua versão. Elaborado como uma alegoria ambientada num futuro distópico, “O Sobrevivente” profetizou tecnologias que hoje fazem parte do mundo real. Para impedir que certos conceitos de King permanecessem na seara da ficção científica, o diretor decidiu não atualizar tudo do livro, optando por um visual retrofuturista. O salto temporal é sugerido ao retratar um abismo de riqueza maior: se as área mais ricas da cidade são tecnologicamente superiores, as áreas mais pobres regrediram. “Mantivemos parte da tecnologia analógica”, aponta Wright. “Com VHS, fitas de áudio, miniDV, envelopes e caixas de correio. Ando entediado de ver smartphones nos filmes.”

Voltando ao livro, o futuro de “O Sobrevivente” era em primero lugar o reflexo da leitura que Stephen King fazia da América esfacelada com o fiasco político da Guerra do Vietnã, acentuado depois com o pessimismo de um país em busca de uma nova identidade no alvorecer da era Reagan. Décadas depois, o mesmo sentimento ecoa nos escândalos do governo Trump e na sensação de que as mudanças na marcha para um estado autocrático só virão com o clamor popular.

Lee Pace interpreta um caçador em 'O Sobrevivente'
Lee Pace interpreta um caçador em ‘O Sobrevivente’ Imagem: Reprodução

O ator Lee Pace prefere manter, ao menos por enquanto, o futuro prenunciado pela obra no campo da ficção. “‘O Sobrevivente’ é uma sátira que Stephen King escreveu há mais de 40 anos sobre um 2025 fictício”, conta o ator que, no filme, interpreta o caçador Ewan McCone, máquina assassina irrefreável vendida para a audiência do programa como o verdadeiro herói. “Temos sorte de não viver num mundo em que inocentes são executados ao vivo no programa mais popular do páis.” Ainda assim, ele enxerga no filme um conto moral: “O cinema é um lugar seguro para experimentar um mundo especulativo em que podemos refletir o mundo em que de fato vivemos”.

“Não há dúvida que ‘O Sobrevivente’ é sobre o mundo e a experiência que estamos vivendo agora”, completa Powell. “É sobre como lidamos com o poder, com as notícias, com os herois e vilões que nós criamos e com as histórias que contamos, sejam falsas ou verdadeiras.” Quando questiono se filmes claramente políticos como “Pecadores”, “Uma Batalha Após a Outra” e “O Agente Secreto” ajudam a extravasar esse anseio por parte do público, o ator se empolga.



Conteúdo Original

2025-11-26 11:00:00

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