como um evento emporcalhou todo o Centro do Rio

Com informações de Diário do Rio. A conhecida Gafieira Elite, no Centro do Rio, realizou no dia 14 de novembro último um “evento cultural” promovido pela produtora Mascaramento Urbano, com a participação de Pedro Tabet, Noé, DG e Arca Jazz



Com informações de Diário do Rio. A conhecida Gafieira Elite, no Centro do Rio, realizou no dia 14 de novembro último um “evento cultural” promovido pela produtora Mascaramento Urbano, com a participação de Pedro TabetNoé, DG e Arca Jazz – seja lá quem forem – na rua Frei Caneca. O evento, que seria como tantos outros de público alternativo – e proibidos pra menores de 18 anos – que ocorrem naquela região não seria tão notável se os cartazes anunciando sua realização não tivessem emporcalhado praticamente todo o Centro da Cidade.

Os cartazes pretos, grandes, foram afixados com muita cola na fachada de mais de 20 imóveis na região do Centro, especialmente na Praça XV. Foram afixados inclusive nas fachadas de diversos imóveis que integram o Conjunto Tombado Nacional da Praça XV, protegido pelo Instituto do Patrimônio Nacional, o Iphan. No Arco do Teles, o estrago foi enorme: mais de dez cartazes foram colados nas paredes e fachadas de diversos sobrados, numa região onde diversos estão sendo reformados e restaurados, sob a cuidadosa supervisão dos técnicos do órgão de patrimônio federal. Dentre os imóveis danificados estão os de número 9, 8, 10 e 12 da Travessa do Comércio, numa região que se torna cada vez mais cultural e turística, ainda por cima com os altos investimentos da Prefeitura nos programas Reviver Centro e Reviver Cultural. A pintura dos imóveis foi danificada e não é possível remover os cartazes completamente sem uma profunda raspagem.

“É revoltante que esta gente não consiga fazer seu negócio sem destruir os imóveis e os negócios dos outros. Precisam destruir o patrimônio que é de todos para divulgar seu evento? Sinal que não deve ser grande coisa“, disse Heloiza, uma guia de turismo que diz acompanhar diariamente dezenas de visitantes – na maioria estrangeiros – pelas ruelas do entorno do Arco do Teles. Os cartazes pretos da “APOCOTROPIA” também foram encontrados destruindo fachadas históricas na rua do Rosário, na Travessa dos Mercadores, e na rua da Quitanda, entre outros locais.

Os cartazes anunciavam também o site “shotgun“, de venda de ingressos online, para vender os ingressos do evento noturno promovido pela Mascaramento Urbano, que tem 289 seguidores no instagram e mostra, orgulhosa, a destruição do patrimônio de terceiros, num Reel da Rede Social. A postagem filma o crime de dano sendo cometido, impunemente, por um rapaz de cabelo “nevou”, que depois de afixar os cartazes, joga cola por cima para acabar de vez com a chance de se arrancar os cartazes ilegalmente colocados. Gabam-se também do design de Pedro Tabet, e parecem ter muito orgulho ao destruir o patrimônio público e privado, com o post que faz apologia ao crime tendo muitas palavras de encorajamento. A conta @aguiarcgabriel, por exemplo, não é nada comedida ao bradar: “colem colem colem”. Outra, @agatha.marinho, diz: “lambe a cidade toda”. E o designer, Tabet, bate as famosas “palminhas”.

O que choca é que esses “produtores culturais” não têm nenhum pudor de assinar seus nomes e mesmo de colocar um QR Code com acesso direto a seu site, emporcalhando toda a região histórica do Centro. O designer Pedro Tabet, além de bater palminhas, chega a divulgar seu instagram @pedrotabet no cartaz, junto com a produtora, que faz o mesmo: @mascaramentourbano. “Eles não tem vergonha porque sabem da impunidade. Destruir patrimônio no Rio parece que é algo engraçadinho. O carioca minimiza isso porque a verdade é que as autoridades não estão nem aí. Dizem que não sabem quem fez. E agora, que o cartaz é assinado por uma produtora e tem vários nomes? Como é que fica?“, diz Adriano Nascimento, que trabalha numa conhecida administradora de imóveis que cuida de centenas de bens tombados.

A destruição de patrimônio cultural tombado é crime previsto no artigo 62 da Lei nº 9.605/1998, que estabelece pena de reclusão de um a três anos e multa para o caso doloso – exatamente o caso de colar cartazes deliberadamente nos imóveis e monumentos – e pena de detenção de seis meses a um ano e multa para o caso culposo. Além das sanções penais, o infrator pode ser obrigado a reparar o dano e sofrer sanções administrativas.  O caso pode ser alvo de apuração pelo IPHAN, no caso do Conjunto Tombado da Praça XV, segundo especialistas. Recentemente, uma histórica igreja sofreu uma autuação com multa de milhares de reais por remover uma pichação num arco de pedra com uma lixadeira, o que o Iphan considera irregular. A pergunta é: e a “MASCARAMENTO URBANO”, vai sair impune?





Conteúdo Original

2025-11-19 20:24:00

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