As peças, todas de coleções particulares, incluem obras eruditas e populares dos períodos colonial e imperial, revelando a diversidade da produção religiosa da época. Para o secretário municipal de Cultura e curador da exposição, Marcus Monteiro, a mostra coloca Nova Iguaçu entre os grandes pólos culturais do país.
“Esta é, sem dúvida alguma, uma das mais importantes exposições já realizadas no país. A última mostra deste porte foi a ‘Brasil 500 anos’, realizada em 2000, o que torna este evento ainda mais especial para Nova Iguaçu e para o cenário cultural do Rio de Janeiro e do Brasil, colocando a cidade no roteiro das grandes mostras internacionais. Esta mostra poderia estar em qualquer lugar do mundo devido à qualidade e variedade das peças”, garante Monteiro.
Entre os destaques está a imagem de Nossa Senhora do Carmo, em madeira entalhada, atribuída a Aleijadinho e datada do século XVIII. A peça pertenceu à coleção da família de Bárbara Heliodora, uma das críticas de teatro mais reconhecidas do país, e foi adquirida por um colecionador de Brasília, após a morte do artista, em 2015.
“Além desta imagem, há outras obras de Aleijadinho que estão aqui e que nunca haviam sido exibidas em exposições, museus e nem mesmo catálogos. São obras muito representativas para a história do Brasil, pois ele foi o principal artista do período colonial brasileiro”, explica Erick Ferreira, conservador e restaurador de bens culturais, outro curador da exposição.
A curadoria também é assinada por Rafael Azevedo, museólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Para ele, a mostra ultrapassa o público religioso e se estende ao interesse de qualquer visitante.
“Estas obras pertencem a todos, não só aos católicos. Muitas foram feitas por santeiros das camadas populares para adornar igrejas igualmente populares. Quanto mais pessoas as conhecem, mais elas são preservadas e valorizadas”, ressaltou.
Outro destaque é a imagem de São Pedro, em pedra de ança, atribuída a Diogo Pires, o Moço. Considerada a mais antiga escultura sacra do santo no Brasil, teria sido trazida em 1551 pelo primeiro bispo do país, Dom Pedro Fernandes Sardinha, primeiro bispo do país, em 1551, instalada na capela de São Pedro, em Salvador, em 1554 e demolida em 1723.
Também fazem parte da mostra obras atribuídas a nomes como Francisco Vieira Servas, Mestre Valentim, Mestre de Angra, Simão da Cunha, Pedro da Cunha, Mestre de Sabará, Francisco Xavier de Brito, Mestre de Iguassú, Veiga Valle e Mestre Piranga.
Realizada pela Casa do Conhecimento, a exposição tem patrocínio da Prefeitura de Nova Iguaçu, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu. “Arte & Devoção” fica em cartaz até 31 de janeiro, na Casa de Cultura Ney Alberto, dentro do Complexo Cultural. O espaço funciona de terça a sábado, das 10h às 17h, com entrada gratuita — exceto nesta quinta-feira (20), quando estará fechado ao público.



