Chefe do tráfico do Complexo do Alemão pediu para PM tirar blindado de favela

Mensagens interceptadas pela Polícia Federal escancaram acordos fechados por policiais militares com Fhillip da Silva Gregório, o Professor, chefe do tráfico do Complexo do Alemão. Numa conversa com um PM, de maio de 2022, o criminoso — foragido há mais


Mensagens interceptadas pela Polícia Federal escancaram acordos fechados por policiais militares com Fhillip da Silva Gregório, o Professor, chefe do tráfico do Complexo do Alemão. Numa conversa com um PM, de maio de 2022, o criminoso — foragido há mais de seis anos e apontado como o terceiro homem mais relevante do Comando Vermelho fora do sistema penitenciário — pede a um policial que trabalhava na região para que ele tirasse um blindado da favela.

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“Saiba que aqui sempre vai ter um diálogo, mas eu não sou bobo. Tenho a força, ninguém tem mais soldado e fuzil que eu na facção, nem por isso fico de arrogância”, escreveu Professor pelo WhatsApp. O PM acatou: “Suave, já desenrolei. Ordem (era) pra colocar o blindado no Engenho. Mas já quebramos”.

Em seguida, o traficante explicou ao agente como funcionam os acordos fechados entre a polícia e o tráfico na região:

“Deixa eu te explicar, mano. O cara lá de cima pediu pra dar uma segurada no morro. Eu seguro. Mas falei: ‘Deixa a Coreia e não faz operação por roubo que senão eu mando roubar tudo’ …. “Meu bagulho é droga, eu vender minha droga. Hoje, o GAT (Grupamento de Ações Táticas, unidade operacional de um batalhão) já tava na Coreia. Deixa meu bagulho andar, mano”.

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O PM, então, justificou o motivo de o blindado estar na favela. “Foi nós na Coreia, mano. Pra tirar uma barricada que tá no meio da rua, mas ali é pista. Não pode fechar a pista, mano”, escreveu. O policial não foi identificado.

Os diálogos fazem parte da mesma investigação que revelou os contatos de comandantes de UPPs da favela com Professor. Como O GLOBO publicou na segunda-feira, as mensagens também mostram oficiais da PM combinando com o criminoso quais partes da favela podem ser patrulhadas e elogiando sua “gestão” à frente do tráfico na região.

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As conversas estão no inquérito que culminou, em dezembro de 2023, na Operação Dakovo, em que 28 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal sob a acusação de atuarem no tráfico de 43 mil armas do Paraguai para facções criminosas do Brasil.

Nome correto é Fhilip da Silva. Cartaz foi produzito com a grafia errada do Professor — Foto: Divulgação



Conteúdo Original

2025-04-29 07:35:00

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