PIX de R$ 20 milhões, casa em Miami e lanchas: Receita vai rastrear movimentações de associações de proteção veicular

A Receita Federal vai pedir acesso às quebras de sigilo bancário analisadas pela CPI das Câmeras da Assembleia Legislativa (Alerj). A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (17), depois que os auditores tiveram contato com parte das movimentações financeiras das associações


A Receita Federal vai pedir acesso às quebras de sigilo bancário analisadas pela CPI das Câmeras da Assembleia Legislativa (Alerj). A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (17), depois que os auditores tiveram contato com parte das movimentações financeiras das associações e cooperativas de proteção veicular.

Os deputados relataram que as quebras de sigilo revelam valores incompatíveis com a atividade das associações. Segundo eles, dirigentes declararam rendas modestas, mas apresentam patrimônio elevado — “casa em Miami, lancha, carro”, segundo o deputado Alan Lopes (PL) — além de repasses contínuos para empresas de familiares.

“Até eu me assustei e cheguei a duvidar dessas movimentações”, disse Alan. “Tinha PIX de R$ 12 milhões, de R$ 20 e poucos milhões. Só a Receita quebrando o sigilo é que poderemos saber para onde está indo esse dinheiro”.

O presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PL), reforçou que o esquema se repete entre diferentes associações: contratação de empresas ligadas aos próprios dirigentes e familiares, que recebem parte significativa dos valores arrecadados.

“Vimos atividades ligadas a reboques, manutenção, oficina, área jurídica, administrativa… até bufês. Sempre ligados a familiares, e com valores altos”, afirmou. “Eles pegam os recursos da associação e destinam às empresas que controlam, fazendo a participação de lucro por fora”.

Receita diz que possibilidade de erro nas informações é “baixíssima”

Após ser questionada sobre a veracidade das transações de valores exorbitantes reveladas pelos bancos, superintendente-adjunta Monica Paes Barreto confirmou que a possibilidade de erro é quase nula. Ela também disse que a Receita vai analisar os documentos internamente assim que a CPI liberar o material.

“A obrigação tributária de entrega dessas declarações é dos bancos. Pode haver erro? Pode. Mas é baixíssimo. Eu nunca vi um caso de erro de valores enormes”, afirmou.

Convocação de Major da PM que recorreu ao tráfico para recuperar carro segue sem decisão

A sessão também discutiu a possível convocação do major Ulisses Estevam Barros, citado em reportagem segundo a qual teria recuperado um carro roubado com apoio de traficantes. Knoploch afirmou que pediu informações oficiais à Polícia Militar e só decidirá após a conclusão da auditoria interna.

O presidente da CPI disse que circulam versões de que o major, se ouvido, mencionaria casos de parlamentares que teriam recebido ajuda irregular para recuperar veículos. Ele rebateu: “Quem vier aqui fazer essa narrativazinha vai cair por terra”.

Knoploch contou publicamente os episódios citados nos grupos: o carro de sua esposa, o da esposa do deputado federal Luiz Lima e o do deputado Rodrigo Amorim. Segundo ele, todos foram roubados, mas recuperados pela própria PM, sem pagamento ou interferência criminosa.

Peças de carro manchadas de sangue foram encontradas em desmanche de Nova Iguaçu

O deputado Marcelo Dino (União) relembrou a vistoria da CPI em um galpão usado como desmanche em Nova Iguaçu, onde foram encontradas peças suspeitas, na última sexta-feira (14). O material ainda está sob perícia.

“Estouramos um desmanche e encontramos coisas claramente irregulares. Peças de carro sem identificação, com vidros quebrados, sujas de sangue e até peças novas”, relatou Dino.



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