MP relata ao STF lesões atípicas em operação que deixou 121 mortosReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Segundo os chefes das duas tropas, não havia baterias reservas para os equipamentos. Corbage afirmou que não esperava que a megaoperação durasse 12 horas, como ocorreu, mas sim entre 5h a 6h.
De acordo com o delegado Fabrício Oliveira Pereira, a Core tem 100 câmeras disponíveis, mas houve um problema na liberação dos equipamentos, que deixou ao menos 32 indisponíveis.
“A gente teve 57 policiais com câmeras. Para 32, a própria empresa [responsável pelos equipamentos] disse que, no dia, estavam indisponíveis por um problema deles, da empresa”, afirmou o coordenador.
“Os que não estavam utilizando câmeras, eles relataram que encontraram problemas para retirar. A empresa alega que apenas 32 estavam indisponibilizadas, mas a verdade é que houve um problema operacional”, declarou Pereira. “Em determinado momento começou a dar problema. O policial tentava e não conseguia. Aí ficou naquilo, vai pro outro, não conseguia”, acrescentou.
No depoimento, o coordenador da Core afirmou que problemas desse tipo já haviam ocorrido “pontualmente”, mas não nessa intensidade. Pereira ressaltou, no entanto, que o efetivo da operação foi muito maior do que o normalmente empregado.
Pereira também relatou que não há confirmação de mortes causadas por membros da Core. Segundo ele, alguns agentes encontraram quatro corpos, mas não é possível afirmar que tenham sido os responsáveis pelas mortes.
Lesões atípicas nos corpos
O relatório apontou duas mortes que foram consideradas atípicas em operações desse nível. Após acompanhar o trabalho de perícia dos 121 corpos, o MP encontrou ‘lesões atípicas’ em dois cadáveres. Um deles apresentou marcas de tiros à curta distância. O segundo corpo estava decapitado por instrumento cortante.
Os demais corpos apresentavam lesões internas e externas, provocadas por tiros de fuzil. A maioria delas localizada na região do tórax e do abdômen, características de confrontos armados, segundo os promotores.
O documento ainda confirmou que todos os mortos eram homens, na faixa etária entre 20 e 30 anos. Alguns acusados estavam usando roupas camufladas, botas operacionais, coletes com carregadores de munição e luvas táticas. Nos bolsos das roupas foram encontradas munições, celulares e ‘erva prensada’.
“A maioria dos corpos exibia múltiplas tatuagens, algumas sabidamente referentes a facções criminosas e ao extermínio de policiais”, acrescenta o relatório.
O MPRJ também informou ao ministro os próximos passos do trabalho de investigação. Os promotores vão fazer a análise minuciosa das câmeras corporais dos policiais que participaram da operação e a análise do local do confronto.
2025-11-13 15:24:00



