Tolerância zero: oposição a Lula aposta na linha dura de El Salvador para varrer facções do mapa

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, recém-instalada no Senado, está apostando alto em uma estratégia que vem sendo chamada nos bastidores de “bukelização” do Brasil. Inspirada no presidente de El Salvador, Nayib Bukele, a comissão quer importar


A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, recém-instalada no Senado, está apostando alto em uma estratégia que vem sendo chamada nos bastidores de “bukelização” do Brasil. Inspirada no presidente de El Salvador, Nayib Bukele, a comissão quer importar o modelo de guerra total contra o crime que transformou o país centro-americano em um símbolo de repressão eficaz.

O senador Magno Malta (PL-ES), um dos principais articuladores da CPI, apresentou requerimento para convidar Bukele a depor no Senado e compartilhar sua experiência no combate às facções criminosas. A proposta inclui ainda uma diligência oficial a San Salvador para que parlamentares brasileiros conheçam de perto o modelo salvadorenho, que inclui estado de exceção, prisões em massa e a construção da maior penitenciária das Américas.

Desde que Bukele assumiu o poder em 2019, El Salvador viu seus índices de homicídio despencarem — de um dos países mais violentos do mundo para um dos mais seguros da América Latina. A taxa de homicídios caiu mais de 90%, segundo dados oficiais, e o apoio popular ao presidente ultrapassa os 80%. Para setores da direita brasileira, esse é o tipo de resultado que o Brasil precisa diante do avanço do narcoestado.

A CPI ganhou ainda mais tração após a megaoperação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que deixou mais de 100 bandidos mortos e reacendeu o debate sobre o uso da força contra o crime organizado. A operação, embora criticada pela esquerda e por organizações de direitos humanos, foi amplamente apoiada pela população, que vê nas ações enérgicas uma resposta necessária ao domínio das facções sobre comunidades inteiras.

Nesse contexto, a figura de Bukele surge como um farol para parlamentares conservadores, que veem na sua política de “tolerância zero” um caminho possível para o Brasil, em contraste com o discurso do presidente Lula, que em declarações recentesafirmou que “o traficante é vítima do usuário”, reforçando a visão da esquerda que prioriza direitos humanos para criminosos.

Oposto do Brasil: El Salvador passa de país mais perigoso a mais seguro com leis duras e encarceramento

Mas a proposta de “bukelização” não passa sem resistência. Setores da esquerda brasileira alertam para violações de direitos humanos e erosão das garantias constitucionais. Bukele é acusado por entidades internacionais de restringir liberdades civis. Para seus críticos, importar esse modelo seria um retrocesso democrático.

Curiosamente, o governo Lula também vem sendo acusado de restringir liberdades civis e concentrar poder — os mesmos alertas que a esquerda faz contra Bukele. A guerra ideológica sobre segurança pública está escancarada, e a CPI do Crime promete ser o novo palco dessa disputa.

Com mais de 30 requerimentos já protocolados, incluindo convocações de líderes do PCC e visitas técnicas a El Salvador, o colegiado sinaliza que a segurança pública será o novo campo de batalha ideológico no Brasil — com Bukele como símbolo de um futuro possível, e profundamente polarizador.

 



Conteúdo Original

2025-11-10 12:05:00

Posts Recentes

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE