maquiador diz que não queria criar um monstro para filme

Para se manter motivado, Hill recorria a um mantra: “Se não fosse você fazendo essa maquiagem nesse monstro, você estaria com muita inveja. E número dois: se você ouvisse uma pessoa reclamando que está cansada, você diria ‘quem se importa? Você está fazendo o monstro do Frankenstein’. Então, eu tinha que me dizer isso todos os dias.

Hill também foi responsável por outros efeitos notáveis no filme, incluindo a maquiagem prostética para transformar Mia Goth em Claire Frankenstein, a mãe de Victor. “Tentei dar a ela a sobrancelha do Oscar [Isaac] e o tipo de nariz do Oscar para que ela se parecesse mais come ele”, revelou, destacando a inteligência narrativa de Del Toro. “É por isso que, quando Victor é adulto, ele é atraído pela Elizabeth porque vê sua mãe nela.”

Refletindo sobre a narrativa do filme, Hill vê uma profunda mensagem sobre responsabilidade e crescimento. “Como qualquer criança, quando você chega à idade adulta, você percebe e diz: ‘Não, não, não, isso nunca foi minha culpa. Eu era um bebê. Eu era uma criança. Você fez isso comigo? E agora você virou as costas para mim. Não vou aceitar isso’. Acho que essa é a moral da história: o perdão.”

Questionado se, como todo artista, gostaria de mudar algo em sua criação, Mike Hill foi filosófico: “Sim. Acho que todos os artistas olham para suas obras e dizem ‘faria diferente da próxima vez’. Mas acho que fizemos a criatura em tempo recorde. Foi como o personagem de Victor: esta foi minha primeira tentativa. E eu não tive tempo. E Victor também não.”

A paixão de Hill por monstros começou na infância. “Comecei a esculpir monstros de argila quando tinha uns quatro anos. Havia um rio perto de mim, eu pegava a argila e levava para casa e fazia o Monstro do Frankenstein, Boris Karloff, King Kong.” Sem uma indústria cinematográfica em sua cidade, ele começou vendendo suas esculturas, até que uma série de eventos o levou a Los Angeles e, finalmente, a uma parceria frutífera com Guillermo del Toro, que conta também com “A Forma da Água” e “O Beco do Pesadelo”.