‘Nunca pediria dinheiro a bandido’

O ex-ministro do Trabalho e da Previdência do governo Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta quinta-feira, durante depoimento à CPI do INSS, que não conhece o empresário Felipe Macedo Gomes, um dos investigados pela comissão e doador de R$ 60


O ex-ministro do Trabalho e da Previdência do governo Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta quinta-feira, durante depoimento à CPI do INSS, que não conhece o empresário Felipe Macedo Gomes, um dos investigados pela comissão e doador de R$ 60 mil para sua campanha ao governo do Rio Grande do Sul em 2022.

— Não conheço esse cidadão, não sei quem é e nunca pediria dinheiro para bandido — disse Onyx, em resposta ao relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que questionou a doação.

Segundo o ex-ministro, as contribuições à campanha foram analisadas por seu contador e, se houver qualquer irregularidade, os valores serão devolvidos. “Tive 115 doadores e não conheço mais de 30 ou 35% deles. Nunca vi esse cidadão”, afirmou.

Onyx também procurou se afastar das decisões administrativas do INSS, dizendo que ministros da Previdência não têm poder para autorizar acordos ou convênios com entidades associativas.

—Nenhum ministro da Previdência tem o poder discricionário de dizer que tal associação vai receber ou não. Isso não cabe ao ministro, a lei é clara— disse. Ele afirmou ainda que pedidos de parceria das entidades não passam pelo gabinete ministerial, mas são tratados diretamente pelas diretorias do INSS.

O ex-ministro defendeu seu histórico público, afirmando ter 28 anos de vida parlamentar e alegando nunca ter respondido a processos por corrupção.

—Fui eleito sete vezes, executei mais de R$ 440 bilhões no Ministério da Cidadania e não há apontamentos do TCU. Tenho uma história limpa—, afirmou.

Ele também rebateu o que chamou de “relação maliciosa de causa e efeito” feita por investigações sobre a liberação de convênios nos últimos dias de sua gestão.

A doação de Felipe Macedo Gomes, dirigente da Amar Brasil, consta na prestação de contas de campanha de Onyx e é um dos pontos de interesse da CPI. Macedo é alvo de pedido de prisão preventiva aprovado hoje pela comissão, que será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. Ele é suspeito de participar de um esquema de descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas, investigado pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.

O depoimento de Onyx ocorre no mesmo dia em que a CPI aprovou cinco pedidos de prisão, a acareação entre “Careca do INSS” e o advogado Eli Cohen, e quebras de sigilo de novas entidades. O colegiado, presidido pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), tem funcionamento previsto até março de 2026 e apura um esquema bilionário de fraudes em repasses previdenciários.

Durante o depoimento, o ex-ministro também foi questionado sobre a atuação do filho, Pietro Lorenzoni, como advogado de uma das entidades investigadas pela CPI, a Unibar. O relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), perguntou se o envolvimento profissional do filho teria relação com o período em que Onyx comandava o Ministério da Previdência.

— Virou advogado porque o senhor era o então ministro da Previdência? — perguntou o relator.

— Claro que não — respondeu Onyx. — Meu filho tem 31 anos, é especialista em direito constitucional, tem mestrado, doutorado e pós-doutorado. Tinha um escritório em Porto Alegre, trabalha com direito administrativo e regulatório. Na época em que essas coisas aconteceram, ele não fazia a menor ideia. Não tem nada a ver com o meu ministério.

Onyx afirmou ter “total serenidade e tranquilidade” quanto à atuação de Pietro e disse que eles não tratam de temas profissionais em família. — Se tem alguém confiável no mundo do direito, é o meu filho. Ele é extremamente capaz e ético. Nós temos uma tradição familiar de fazer as coisas direito. Meu pai era veterinário, me ensinou isso, e eu passei esse valor adiante.

O ex-ministro negou qualquer interferência sua em contratos do filho. — Objetivamente, não há nenhuma relação. Meus filhos não se envolvem com minhas ações políticas, e eu não interfiro no trabalho deles. Não sei quem são os clientes dele e nem me cabe isso. Desafio qualquer pai que tenha filho advogado a saber o fichário de clientes do filho.



Conteúdo Original

2025-11-06 12:07:00

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