Precisou alguém da periferia fazer esse evento acontecer para muita gente entender que aquele universo que sempre pareceu distante, que sempre acontecia no centro expandido de São Paulo, com ingressos que custam um rim, de repente tá ali, na quebrada, de graça, te esperando.
E aqui entra um lance que pouca gente fala: o papel das Fábricas de Cultura nessa história toda.
Esses equipamentos públicos espalhados pelas beiradas de São Paulo – Brasilândia, Capão Redondo, Jardim São Luís, Vila Nova Cachoeirinha – não são só prédios bonitos. São pontos de resistência cultural onde uma galerinha aprende teatro, dança, música, circo, artes visuais, tudo de graça.
A gente vive numa cidade onde 63% da população mora na periferia, mas os grandes eventos culturais acontecem nos bairros com maior poder aquisitivo. Cinema, teatro, museu, convenção nerd – tudo concentrado ali no miolo, bem longe da maioria. E aí a gente naturaliza isso, como se cultura fosse algo que a periferia vai consumir quando puder pagar passagem, ingresso, lanche, roupa nova pra ir apresentável.
Mas a PerifaCon virou essa lógica do avesso.
Como disse Andreza Delgado, uma das fundadoras, “a PerifaCon, da forma como foi idealizada, só faz sentido na periferia”. E faz sentido por um motivo simples: não é sobre levar cultura pra periferia. É sobre criar cultura NA periferia, COM a periferia, PRA periferia. É sobre reconhecer que aqui também tem talento, tem criatividade, tem cosplayer f*da, tem quadrinista genial, tem gamer que manda bala.
2025-10-29 19:30:00



