Fala de Lula sobre traficantes provoca 15,6 milhões de menções e reacende polarização nas redes, aponta estudo

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante entrevista coletiva em Jacarta, na Indonésia, nesta sexta-feira (24), gerou uma das maiores ondas de reação digital do segundo semestre. Segundo levantamento da Ativaweb DataLab, a declaração de que


A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante entrevista coletiva em Jacarta, na Indonésia, nesta sexta-feira (24), gerou uma das maiores ondas de reação digital do segundo semestre. Segundo levantamento da Ativaweb DataLab, a declaração de que “os traficantes são vítimas dos usuários” mobilizou 15,6 milhões de menções nas redes sociais em apenas 10 horas. Segundo a Ativaweb, a fala se tornou o principal gatilho de polarização política do mês de outubro, com “disseminação acelerada e forte carga emocional nas plataformas”.

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O estudo, que analisou publicações nas redes Facebook, Instagram, X, TikTok e YouTube, mostra que a repercussão cresceu 176% nas dez primeiras horas, em relação às primeiras duas horas de análise. A frase foi dita quando Lula criticava a política antidrogas dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump, que classificou cartéis como organizações terroristas e promoveu ataques a embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico.

— Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também — disse o presidente, ao defender que o combate às drogas deve incluir medidas voltadas à redução da demanda e respeito à soberania dos países.

Explosão digital e tom crítico

De acordo com o Índice de Sentimento Ativaweb (ISA), 69,8% das menções tiveram tom negativo, enquanto 15,9% foram positivas e 14,3% neutras. As expressões mais recorrentes foram “vergonha nacional”, “inversão de valores” e “defesa de criminosos”. Entre apoiadores, as tentativas de contextualizar a fala como uma discussão sobre as causas sociais do tráfico não conseguiram conter o avanço das críticas.

O Instagram (38,2%) e o X (35,7%) concentraram a maior parte do debate, com vídeos, memes e interpretações fragmentadas da fala presidencial. No Facebook, a repercussão se espalhou em grupos de opinião e páginas noticiosas.

— Cada frase de Lula se transforma em um espelho da sociedade dividida. No ecossistema digital, o contexto desaparece e a emoção vira combustível de engajamento — analisa Alek Maracajá, fundador da Ativaweb DataLab.

O tema repercutiu em todos os estados brasileiros, com destaque para São Paulo (24,8%), Rio de Janeiro (14,6%) e Minas Gerais (8,7%), segundo o Índice de Distribuição Ativa (IDA). A análise aponta que o debate atravessou linhas regionais e ideológicas, inclusive em estados com eleitorado historicamente alinhado ao governo federal.

O Índice de Convergência Política (ICP) atingiu 0,84, um dos maiores do ano, sinalizando forte polarização. Perfis de direita utilizaram a fala como símbolo de “falha moral”, enquanto grupos de esquerda buscaram contexualizar a frase, utilizando frases como “não foi isso que ele quis dizer”.

— O caso mostra como o discurso político deixou de ser institucional e se tornou emocional. Hoje, o algoritmo define o ritmo da opinião pública. Toda fala presidencial, no Brasil digital, é uma faísca em um tanque de emoções. O algoritmo reage antes do contexto aparecer — diz Maracajá.



Conteúdo Original

2025-10-24 17:11:00

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