Imagens mostram perseguição a Vinícius Heinen Bernardo CavalcanteReprodução
Rio – A Polícia Civil investiga o uso de drones por parte do Comando Vermelho (CV) para auxiliar em emboscadas contra criminosos rivais. A descoberta da 34ª DP (Bangu) aconteceu durante a investigação do desparecimento do auxiliar de mecânico Vinícius Heinen Bernardo Cavalcante, de 19 anos, que teria sido apontado injustamente por traficantes como miliciano. Nesta segunda-feira (20), os policiais prenderam Daniel Augusto Porto dos Santos, o “Papão da 48”, suspeito de envolvimento no crime.
Nas imagens obtidas pela 34ª DP (Bangu), é possível ver bandidos do CV entrando em um estabelecimento em Padre Miguel, na Zona Oeste, onde estava auxiliar de mecânico no dia 15 de setembro. Em seguida, Vinícius aparece correndo por uma das vias do bairro. Testemunhas relataram que ele e um colega de trabalho estavam buscando materiais quando os criminosos apareceram atirando contra eles. O jovem fugiu do local e, desde então, não foi mais encontrado.
Veja o vídeo
Bandidos do Comando Vermelho utilizaram um drone para auxiliar na emboscada contra o auxiliar de mecânico Vinícius Heinen Bernardo Cavalcante, de 19 anos, em Bangu.
Crédito: Reprodução pic.twitter.com/dBi0bDj8iM
— Jornal O Dia (@jornalodia) October 21, 2025
De acordo com o delegado Alexandre Cardoso, titular da 34ª DP (Bangu), os traficantes localizaram um veículo que supostamente pertenceria a um miliciano e passaram a monitorá-lo. No entanto, o carro estava ocupado por Vinícius e o mecânico que trabalha com ele. A investigação aponta que o jovem pode ter sido executado pelos criminosos do Comando Vermelho.
“Eles orquestraram toda essa emboscada, por meio de drone, verificando um veículo estacionado nas proximidades que seria de um suposto miliciano. Eles monitoraram todo o trajeto do veículo até um local adequado, na visão deles, para emboscar e tentar matar. Só que, na verdade, quem estava dirigindo esse veículo era um mecânico e, no carona, o seu auxiliar. Esses elementos da facção teriam interceptado ele logo a frente, sequestraram e há suspeita de uma possível execução porque acharam que se tratava de um miliciano”, explicou Alexandre ao DIA.
Nesta segunda-feira, equipes da 34ª DP (Bangu) estiveram na Vila Kennedy e prenderam Daniel Augusto, apontado como liderança do “Bonde do RD”, grupo ligado ao Comando Vermelho. Segundo a Polícia Civil, a quadrilha é responsável por diversos ataques na região do Catiri e Daniel figura como um dos principais articuladores das emboscadas. Durante a ação, o celular de Vinícius foi encontrado com um parente do bandido, reforçando os indícios de que o “Papão da 48” tem envolvimento com o desaparecimento do jovem.
As investigação identificaram que o grupo “Bonde dos Crias do Catiri” foi estruturado pela facção com objetivo de expansão territorial na região por meio de confrontos. Nas redes sociais, Daniel ostentava seu envolvimento com o crime e publicava fotos com armamentos de guerra, além de símbolos e lemas ligados ao CV. O delegado Alexandre Cardoso explica que o Comando Vermelho conta com um setor de monitoramento, com drones e câmeras, para auxiliar nas atividades criminosas.
“Existe dentro dessas facções, mais especificamente o Comando Vermelho, o setor de monitoramento. Eles são responsáveis por verificar a ação de viaturas policiais no interior da comunidade, alertando os comparsas para fuga ou para repelir esse ingresso, e também estão utilizando dessa tecnologia, principalmente do drone, para realizar ataques a facções rivais. Não é incomum. Está sendo uma rotina de ações orquestradas por facções criminosas se valendo de drones e outros instrumentos de monitoramento, como câmeras de segurança, grupos de aplicativos e por aí vai”, destacou o titular da 34ª DP (Bangu).
A investigação segue em andamento para localizar e prender outros membros da quadrilha. Vinícius tem uma filha de 2 anos.
“Trabalhador, pai de família, um menino cheio de sonhos. Jamais se envolveu com tráfico ou milícia. Ele sempre foi um menino calmo, se tornou pai aos 17 anos e foi trabalhar como auxiliar de mecânico, onde deu o seu melhor para prover para sua família. Saía para trabalhar às 7h da manhã e voltava às 20h, 21h. Aos domingos, Vinícius soltava pipa junto aos seus amigos e aproveitava o restante do dia com seu filho. Meu filho fica a todo tempo que horas o pai irá voltar, me pede para levar ele ao parquinho porque é um lugar que ele sabe que o pai sempre está com ele. Ele nunca fez mal a ninguém”, desabafou a mulher da vítima nas redes sociais.
2025-10-21 20:25:00