Sete minutos. Foi o tempo que um grupo precisou, neste domingo (19), para invadir o Museu do Louvre, em Paris, e roubar oito peças da histórica Galeria de Apolo, entre elas, joias e pedras preciosas avaliadas em milhões de euros. O crime, que chocou autoridades francesas e mobilizou a Interpol, despertou no Brasil lembranças de um episódio igualmente audacioso: o roubo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), em dezembro de 2007, quando criminosos desafiarem a segurança dos maiores museus da América Latina e saíram pela porta da frente.
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Naquela madrugada de 20 de dezembro de 2007, o Masp dormia tranquilo na Avenida Paulista. Eram 5h09 quando três homens pularam os biombos de vidro da entrada principal e, com um macaco hidráulico, arrombaram a porta do museu. No subsolo, os vigilantes se preparavam para a troca de turno e não ouviram nada. Dois minutos depois, os assaltantes já estavam no segundo andar, diante de obras que valiam juntas, na época, entre R$ 100 milhões e R$ 180 milhões.
Usando um pé de cabra, o grupo abriu a porta de vidro que dava acesso à galeria principal. Lá dentro, eles não hesitaram: sabiam exatamente o que procuravam. De uma parede, arrancaram Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso. Em outra sala, retiraram O Lavrador de Café, de Candido Portinari. Nenhuma outra pintura foi tocada, um indício claro de que o roubo havia sido cuidadosamente planejado.
Às 5h12, menos de três minutos depois de invadirem o prédio, os ladrões deixaram o Masp como haviam entrado: pela porta principal, com as telas ainda emolduradas debaixo do braço. Fugiram em um Santana preto. As câmeras de segurança, de baixa resolução e sem visão noturna, nada registraram. E o museu, sem sistema de alarme, só percebeu o roubo quando um dos vigias iniciou a ronda matinal.
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O crime que expôs falhas
O episódio expôs fragilidades de segurança em um dos mais importantes museus da América Latina. À época, descobriu-se que o Masp não possuía seguro para o acervo, o que poderia ter resultado em uma perda irreparável. Para sorte da instituição, a polícia conseguiu recuperar as obras intactas menos de um mês depois.
A investigação avançou rapidamente após a prisão de Francisco Laerton de Lima, em 27 de dezembro. Seu depoimento levou os agentes a uma casa em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, onde os quadros foram encontrados no dia 8 de janeiro. Outro suspeito, Robson Jesus Jordão, também foi detido.
No fim de janeiro de 2008, o mentor do crime, Moisés Manoel de Lima Sobrinho, se entregou à polícia. Todos foram condenados. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Sobrinho afirmou que o roubo havia sido “encomendado” por uma figura pública brasileira, cujo nome jamais revelou — alegando ameaças à família.
Mais de 15 anos depois, o assalto ao Masp ainda intriga pela audácia e precisão da ação, que durou pouco mais de três minutos. Assim como agora, com o roubo no Louvre, fica a pergunta: como é possível que obras que pertencem à história da humanidade desapareçam tão facilmente diante dos olhos do mundo?
2025-10-20 07:29:00